A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou sua estimativa de produção brasileira de trigo para 6,28 milhões de toneladas neste mês de julho. O número representa um aumento de 6,84% em relação aos 5,88 milhões de toneladas projetadas em junho e de 13,5% sobre a safra anterior.
“Isto mudou todo o quadro de oferta e demanda”, analisa a Consultoria Trigo & Farinhas, apontando que a alteração é baseada num “pequeno aumento de apenas 68 hectares (2.136,2 mil ha para 2.143,0 MH), mas num grande aumento de produtividade (7,23%, passando de 2.735,15 kg/ha do relatório de junho para 2.933 kg/ha do relatório de julho)”.
“A má notícia é que os estoques finais cresceram 25,30% em relação à estimativa de junho e 36,1% em relação à safra passada. Isto deverá provocar excesso de disponibilidade (1,15 vezes o uso mensal), empurrando os preços para baixo, ou, na melhor das hipóteses, impedindo-os de subir significativamente para a safra nova, no Brasil. A menos, por exemplo, que haja uma demanda extra, como por exemplo, para ração, como no início deste ano”, explica a T&F.
A Consultoria Trigo & Farinhas sustenta que continua não concordando com o volume de exportação por julgar que será zero na próxima temporada. “Se a qualidade for boa, como a própria Conab reconhece, os moinhos darão preferência por adquirir trigo nacional (que tem índice de micotoxinas adaptado à legislação brasileira, por exemplo e uma logística de aquisição bem mais acessível do que o trigo importado). Mesmo em se tratando de trigo gaúcho, cujo excedente poderá ser encaminhado ao Norte/Nordeste para complementar as importações da Argentina, principalmente na fabricação de massas e biscoitos”, conclui o analista sênior da T&F, Luiz Carlos Pacheco.