As cotações da soja, em Chicago, após dispararem no dia 30/06, devido aos números divulgados nos relatórios de plantio e de estoques trimestrais, acabaram recuando durante o restante da semana. O bushel da oleaginosa chegou a bater em US$ 15,62 para o primeiro mês cotado, no dia 03/07, fechando a quinta-feira (06) em US$ 15,25, contra US$ 14,83 uma semana antes.
De fato, o relatório de plantio surpreendeu ao informar que a área efetivamente semeada com soja nos EUA ficou 5% menor do que a realizada no ano anterior, atingindo a 33,79 milhões de hectares. Diante disso, a produção projetada de 122 milhões de toneladas pode não se realizar, impactando em uma elevação especulativa importante em Chicago. Ao mesmo tempo, o relatório de estoque trimestral, na posição 1º de junho, apontou um volume de 21,7 milhões de toneladas, ficando aquém do esperado pelo mecado. Este volume representa 18% a menos de estoque em relação a mesma data do ano passado.
Em paralelo, a qualidade das lavouras estadunidenses, na posição 02/07, caiu mais um pouco, ficando com 50% entre boas a excelentes, 35% regulares e 15% entre ruins a muito ruins. Ao mesmo tempo, 24% das lavouras estavam em fase de floração naquela data, contra 20% na média histórica, enquanto 4% estavam com formação de vagens.
Todavia, durante a semana houve chuvas interessantes na região produtora estadunidense, com perspectivas de novas chuvas nos próximos dias. Isso provocou um recuo nas cotações após o feriado estadunidense do dia 04/07. Mesmo assim, merece destaque o fato de que o óleo de soja chegou a atingir a 68,58 centavos de dólar por libra-peso, puxado por um aumento na demanda global, assim como pelo aumento nos preços do petróleo no mercado internacional. Este preço do óleo foi o mais alto desde o final de novembro do ano passado.
E aqui no Brasil, diante desta recuperação momentânea de Chicago, e de um câmbio que voltou a desvalorizar o Real durante a semana (R$ 4,93 em 06/07), os preços melhoraram, mesmo com os prêmios permanecendo negativos nos portos, sem evolução significativa em relação a semana anterior.
Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 131,62/saco, enquanto as principais praças estaduais trabalharam com R$ 130,50. Nas demais regiões brasileiras, o preço da soja oscilou entre R$ 110,00 e R$ 124,00/saco.
A demanda firme pelo óleo de soja para biodiesel, tanto aqui como no exterior, ajudou a puxar os preços da soja. Ao mesmo tempo, diante da enorme seca sofrida, a Argentina, maior exportador mundial de óleo e farelo de soja, anunciou que irá exportar apenas 3,75 milhões de toneladas do óleo neste ano. Esta será a quantidade mais baixa dos últimos 22 anos. Com isso, a busca pelo óleo de soja dos EUA e do Brasil deve aumentar, fato que deu sustento também às cotações do grão, lembrando que o USDA está projetando uma demanda interna recorde, nos dois países, em 2022/23.
Ou seja, abriu uma janela de melhores preços junto à soja brasileira, mais cedo do que o previsto, porém, sem ser inesperada já que se aguardava certa melhoria nos preços nacionais para o segundo semestre, Porém, por enquanto, não foi a recuperação dos
prêmios o motivo, fato que permite alertar que a abertura desta janela possa ser de curto prazo. Tudo dependerá da evolução do clima nos EUA em julho e agosto. Mais uma vez a estratégia de realiação de médias de comercialização se apresenta fundamental.
Importante destacar que, no mercado de lotes, no início desta corrente semana, o porto de Rio Grande chegou a testar os R$ 150,00/saco. Seria o melhor momento de preços desde fevereiro passado. Já para Paranaguá os ganhos não são tão bons. O mercado de lotes no porto paranaense ainda sente uma pressão maior de oferta, com os vendedores mais presentes. Com isso, as referências de preço estão quase R$ 5,00/saco abaixo das observadas em Rio Grande. (cf. Brandalizze Consulting)
Por outro lado, a exportação brasileira de soja, em julho, está estimada em 9,4 milhões de toneladas. Se confirmada, será 2,4 milhões de toneladas acima do registrado em julho de 2022. Mesmo assim, o volume ficaria abaixo das 13,9 milhões de toneladas embarcadas em junho, e das 14,37 milhões de toneladas revisadas para maio. Pelo sim ou pelo não, de janeiro a julho, a exportação de soja do Brasil foi estimada em 74,7 milhões de toneladas. (cf. Cargonave).
Por sua vez, segundo a Anec, os embarques de farelo de soja ficariam em 2,25 milhões de toneladas neste mês, ou seja, acima dos 2,07 milhões de toneladas exportados há um ano.
A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA
Fonte: Agrolink
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