O atraso no plantio da soja, devido à falta de chuvas recentes, coloca o cultivo do milho safrinha em um patamar de alto risco. A janela ideal para o plantio da segunda safra vai do início de janeiro ao final de fevereiro. A semeadura fora de época pode impactar todo potencial produtivo das culturas.
Regiões produtoras como Paraná e Mato Grosso registraram uma das piores estiagens entre setembro e outubro deste ano, ocasionando o atraso na semeadura da soja, o que também pode afetar a produtividade. A previsão climática para os próximos meses, em grande parte do Brasil, aponta chuvas abaixo da média por causa do fenômeno La Niña, que deve ter efeito até abril de 2021.
Para o Coordenador do Programa Grãos Sustentáveis do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), engenheiro agrônomo Edvan José Tossanai, nas principais regiões do Paraná, o produtor esperou mais de um mês para o plantio da soja, normalmente inicia a partir de 10 de setembro. "Tivemos atraso de mais de um mês e, quanto mais se demora para plantar a soja, mais impacto terá no plantio do milho safrinha".
Com o plantio fora de época, a produtividade tanto da soja como do safrinha acaba sendo afetada pelo fato das condições climáticas não serem as mais adequadas. A semeadura do milho, após o verão, traz o perigo de doenças e de geada lá na frente, afetando a produtividade. A gerente de Defesa Agrícola da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja-MT), Jerusa Rech, disse que o plantio no Mato Grosso foi concluído com atraso de 20 dias. "A colheita será mais concentrada em fevereiro e, muito provavelmente, teremos atraso no plantio do milho safrinha", afirma.
Segundo ela, vai depender muito do ciclo da cultivar escolhida pelo produtor. Normalmente elas variam de superprecoce a ciclo normal - de 90 a 125 dias. "Se o produtor optou pelo ciclo mais curto ele acaba colhendo mais cedo e tem janela para o milho", observa ela.
No Mato Grosso, a maior parte das culturas de soja está em fase de desenvolvimento. A chuva agora é importante para definir a floração e enchimento das vagens. Após esta fase de enchimento de grãos, a seca não é prejudicial. "Por isso, é preciso ver como o clima irá se comportar daqui para frente", diz ela.
A engenheira agrônoma e agrometeorologista do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-PR), Heverly de Morais, conta que no Norte do Paraná muitos produtores também plantaram e replantaram a soja na semana passada, quando choveu 60 milímetros. Quanto à janela de semeadura do milho safrinha, Heverly diz que já está comprometida. "É bem provável que a área de milho no Paraná seja reduzida".
Conheça o ponto ideal da colheita
Para evitar perdas maiores, o bom resultado para colheita da soja e do milho depende de um clima favorável, o que significa estiagem para colher os grãos. No caso da soja, o principal fator para evitar perdas na colheita está relacionado ao teor de umidade. Por isso, é importante medir a umidade dos grãos durante todo o plantio, sobretudo bem próximo à colheita.
"O medidor ajuda a identificar o ponto ideal do grão para a colheita. Se for colhido fora das condições ideais, pode haver uma despadronização do grão", informa Manoela Rodrigues da Silva, gerente comercial da Motomco/Loc Solution, fabricante de medidores de umidade.
Segundo ela, a recomendação é que a colheita seja realizada de preferência quando os grãos apresentarem de 13 a 15% de umidade. "Fora deste padrão a probabilidade de perdas aumenta, até porque a planta não consegue perder a umidade", diz.
No caso do milho acontece o mesmo, o uso do medidor é fundamental para verificar o estágio de maturação fisiológica do grão. Por ser uma planta mais sensível às intempéries climáticas, o milho com umidade elevada pode trazer perdas grandes ao produtor. De acordo com estudos da Embrapa, a porcentagem de danos é menor quando os grãos são colhidos com teor de água inferior a 16%.
*com informações da assessoria de imprensa.
Fonte: Agrolink
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