26
nov
2013
Com 53% da área plantada, expansão da soja deve continuar, diz ex-ministro
A soja representará, pelo segundo ano-safra consecutivo, mais da metade da área plantada das principais culturas agrícolas do País, como milho algodão, arroz, feijão, trigo e cevada. Só a oleaginosa deverá ocupar 53,2% da área plantada na safra 2013/2014, um avanço ante os 52,1% de participação na safra 2012/2013, de acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). E a perspectiva, para o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, não é de mudança no cenário.
"Há uma expectativa de que, mantidos os preços elevados da soja, esse modelo continue crescendo", sinalizou o ex-ministro na entrevista ao DCI.
O avanço da área com soja é motivo de críticas de ambientalistas e também agrônomos com relação a um avanço da monocultura do grão no País. Rodrigues também é um crítico do modelo de monocultura, mas acredita que ainda é "difícil de avaliar" se o Brasil caminha para um vício em apenas algumas lavouras, já que alterações nos preços internacionais podem determinar um recuo na área plantada no País.
"Monocultura não é uma coisa boa tecnicamente por duas razões. Uma porque cria uma dependência de um único produto que a qualquer momento pode não dar certo por uma crise de superoferta. Outra é que a intensificação da atividade determinada pela monocultura gera resistência a pragas e moléstias, aumentando o custo de produção e perturbando a sustentabilidade, na medida em que se pulveriza mais vezes a planta."
Cerrado na liderança
A soja, em conjunto com o milho e o algodão, tem puxado o avanço da fronteira agrícola para novas áreas no cerrado e cada vez mais próximo à Amazônia. Mas deve parar por aí, estima o ex-ministro. De acordo com a legislação ambiental, apenas 20% da região amazônica pode ser utilizada para a agricultura.
Dentro dos limites legais, há ainda 180 milhões de hectares com pastagens, mas Rodrigues ressalta que, deste total, 87 milhões de hectares são agricultáveis e, desta área, 72 milhões de hectares são protegidos pela legislação ambiental. Ou seja, a fronteira agrícola do Brasil pode crescer no máximo 15 milhões de hectares, ou 27,3% a mais do que a área plantada atual. E, destes 15 milhões de hectares, 10 milhões de hectares são ocupados atualmente por pastagens degradadas e 5 milhões de hectares estão no cerrado brasileiro.
Integração como saída
Uma medida que pode mitigar o avanço da monocultura da soja, afirma, é a introdução da integração lavoura-pecuária-floresta, ou ILPF, que começou como uma técnica integrante do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Ministério da Agricultura, e neste ano ganhou uma política nacional.
Criada para reduzir o impacto do aumento da área plantada sobre matas originais e reduzir a emissão de gás carbônico a partir da atividade agrícola, a ILPF obriga o agricultor a realizar uma rotação constante de culturas, inclusive com gado e floresta, o que, segundo Rodrigues, "mitiga a questão da monocultura".
Atualmente, entre 1,6 e 2 milhões de hectares fazem a integração em diversos formatos. Pelo Programa ABC, a meta é chegar em 2020 com o dobro de área com ILPF hoje, ou com 4 milhões de hectares.
Limite do mercado
A própria relação entre oferta e demanda também pode por um limite ao avanço da fronteira agrícola e da monocultura, observa o ex-ministro. Segundo Rodrigues, haverá um momento em que a incorporação de tecnologia aumentará em tal nível a produção agrícola por hectare que, com o aumento da oferta, os preços dos produtos estarão tão baixos que não pagarão mais a própria tecnologia usada no campo. "Quando todos os produtores têm a mesma tecnologia, hipótese utópica, ninguém ganharia mais dinheiro. A única saída seria agregação de valor."
"Há uma expectativa de que, mantidos os preços elevados da soja, esse modelo continue crescendo", sinalizou o ex-ministro na entrevista ao DCI.
O avanço da área com soja é motivo de críticas de ambientalistas e também agrônomos com relação a um avanço da monocultura do grão no País. Rodrigues também é um crítico do modelo de monocultura, mas acredita que ainda é "difícil de avaliar" se o Brasil caminha para um vício em apenas algumas lavouras, já que alterações nos preços internacionais podem determinar um recuo na área plantada no País.
"Monocultura não é uma coisa boa tecnicamente por duas razões. Uma porque cria uma dependência de um único produto que a qualquer momento pode não dar certo por uma crise de superoferta. Outra é que a intensificação da atividade determinada pela monocultura gera resistência a pragas e moléstias, aumentando o custo de produção e perturbando a sustentabilidade, na medida em que se pulveriza mais vezes a planta."
Cerrado na liderança
A soja, em conjunto com o milho e o algodão, tem puxado o avanço da fronteira agrícola para novas áreas no cerrado e cada vez mais próximo à Amazônia. Mas deve parar por aí, estima o ex-ministro. De acordo com a legislação ambiental, apenas 20% da região amazônica pode ser utilizada para a agricultura.
Dentro dos limites legais, há ainda 180 milhões de hectares com pastagens, mas Rodrigues ressalta que, deste total, 87 milhões de hectares são agricultáveis e, desta área, 72 milhões de hectares são protegidos pela legislação ambiental. Ou seja, a fronteira agrícola do Brasil pode crescer no máximo 15 milhões de hectares, ou 27,3% a mais do que a área plantada atual. E, destes 15 milhões de hectares, 10 milhões de hectares são ocupados atualmente por pastagens degradadas e 5 milhões de hectares estão no cerrado brasileiro.
Integração como saída
Uma medida que pode mitigar o avanço da monocultura da soja, afirma, é a introdução da integração lavoura-pecuária-floresta, ou ILPF, que começou como uma técnica integrante do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Ministério da Agricultura, e neste ano ganhou uma política nacional.
Criada para reduzir o impacto do aumento da área plantada sobre matas originais e reduzir a emissão de gás carbônico a partir da atividade agrícola, a ILPF obriga o agricultor a realizar uma rotação constante de culturas, inclusive com gado e floresta, o que, segundo Rodrigues, "mitiga a questão da monocultura".
Atualmente, entre 1,6 e 2 milhões de hectares fazem a integração em diversos formatos. Pelo Programa ABC, a meta é chegar em 2020 com o dobro de área com ILPF hoje, ou com 4 milhões de hectares.
Limite do mercado
A própria relação entre oferta e demanda também pode por um limite ao avanço da fronteira agrícola e da monocultura, observa o ex-ministro. Segundo Rodrigues, haverá um momento em que a incorporação de tecnologia aumentará em tal nível a produção agrícola por hectare que, com o aumento da oferta, os preços dos produtos estarão tão baixos que não pagarão mais a própria tecnologia usada no campo. "Quando todos os produtores têm a mesma tecnologia, hipótese utópica, ninguém ganharia mais dinheiro. A única saída seria agregação de valor."
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria