A colheita do trigo iniciou com bons rendimentos na região de Campos Novos. Apesar da baixa valorização do cereal no mercado interno, falta de incentivo no governo ao menos para definir um preço mínimo ao produto e apresentar a cada safra, uma diminuição de área de plantio na região, a cultura está tendo neste ano, boa produtividade e o mais importante, uma qualidade superior em relação aos outros anos.
A área semeada com trigo em Campos Novos é nesta safra de 7 mil hectares e graças às condições climáticas deste ano, a produção média deve ser superior a 70 sacos/ha. De acordo com o Engenheiro Agrônomo da Coocam, Paulo Graeff Júnior, a safra de trigo ocorreu de forma tranquila. “Tivemos ótimas condições climáticas, frio intenso e chuvas regulares. O produtor que semeou o trigo de forma a escapar do período crítico de geadas está colhendo bem. De forma geral, a safra de inverno foi muito boa, com clima colaborando, sem problemas de pragas e doenças e a produtividade e qualidade devem ser superiores a safras anteriores”, explicou Paulo.
Na Coocam, o tráfego de caminhões com trigo é intenso e a qualidade do produto diferenciada. Um exemplo vem da propriedade dos irmãos Valcedir e Vanderlei Trevisol, no distrito de Bela Vista, que estão colhendo trigo tipo 1. “Na propriedade dos irmãos Trevisol fizemos o escalonamento de plantio, procurando semear o trigo numa data que não corrêssemos o risco de perder a área por geada e semear uma variedade de ciclo precoce, para não plantar a soja muito no tarde e tudo deu como planejamos, a produtividade é boa, a qualidade do trigo é tipo 1 e por ser uma área para semente, há um ganho maior para o produtor.
Dos 45 hectares de trigo semeados este ano pelos irmãos Trevisol, a média de uma área de 25 hectares, já colhidos, fechou em 72 sacos/ha e nos outros 20 hectares semeados, esta produção deve ser ainda maior.
Os irmãos estão muito contentes com a qualidade do produto que está sendo colhido. “A produtividade da área colhida foi boa, mas a qualidade é que está melhor. Estamos colhendo trigo para semente e com qualidade muito boa, graças também ao clima que colaborou bem e ao bom manejo que foi feito nas áreas. Neste ano não tivemos problemas com doenças ou pragas e isso também contribuiu para uma boa safra”, ressaltou Vanderlei.
Outro fator positivo comentado pelos irmãos é o custo de produção, que foi baixo em relação a outros produtores da região. “Não fizemos adubação na semeadura, por ter áreas com alta fertilidade, devido à utilização de dejetos suínos. Só fizemos adubação de cobertura, com aplicação de ureia e os tratamentos necessários para controle de possíveis pragas e doenças. Isso diminuiu o custo da lavoura e assim, há um retorno maior com a produção”, lembrou Vanderlei Trevisol.
Os irmãos Trevisol investem no trigo para rotação de cultura e por sempre terem bom retorno com o cereal. “Com o investimento menor, o trigo se torna rentável para nós. Com um custo maior, seria inviável investir na cultura. Sempre plantamos e fomos bem com a cultura e por isso continuamos investindo. Na safra 2015 foi o único ano que não plantamos e tivemos sorte, porque foi um ano de clima ruim para a cultura. A primeira coisa para o sucesso é produzir, porque temos mais chances de ter lucro, mesmo com o preço baixo, como é no caso do trigo”, complementou Vanderlei.
Valdecir Trevisol lembrou da necessidade de políticas públicas e maior valorização do trigo produzido no país. A importação do produto é grande no Brasil e com baixo preço do produto aqui, os agricultores são desestimulados a semear o cereal. “É preciso valorizar o trigo daqui, porque nosso produto tem qualidade”, finalizou.