27
out
2009
Colheita do trigo começa após chuvas

Excesso de umidade atrasou plantio; em torno de 20% das espigas deve apresentar qualidade baixa


Depois de um período intenso de chuvas, os produtores da região dos Campos Gerais estão aproveitando o tempo mais seco para as colheitas. O momento é de muito trabalho no campo, em especial na colheita do trigo, que começou na semana passada. Até o momento, cerca de 20% da produção foi colhida, e o processo segue até o final de novembro ou início de dezembro.

As condições climáticas atrapalharam bastante. Com excesso de umidade e vários dias nublados, as espigas foram atacadas por doenças que, se não forem controladas, podem reduzir a produtividade.

De acordo com José Roberto Tozatto, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura (Seab) em Ponta Grossa, o problema só não é maior porque os produtores aplicaram herbicidas para prevenir e combater os danos futuros. Mas isso não será suficiente se a chuva voltar a castigar a região.

"O que está estragando mesmo [a produção] é o excesso de chuvas, que não deixa a espiga secar. Com muita umidade começa a vir fungo, e o fungo não tem controle. Em alguns casos já está chegando a pretejar a espiga, e com isso cai a qualidade do grão", explica Tozatto.

Segundo ele, entre 10% e 20% do trigo deve se tornar triguilho, que é um grão menor e de qualidade inferior, usado na fabricação de rações animais. Isso está acontecendo em toda a região, em especial em cidades como Arapoti, Tibagi e Ventania.

A colheita total será em novembro, mas com as atuais perspectivas, a Seab já vê como certa a queda de 10 a 20% na produtividade. "As condições de clima estiveram muito ruins. Desde final de maio até 30 de setembro tivemos cerca de 850 milímetros de chuva. Só em julho foram 350 milímetros. Foi o inverno mais atípico da região, em termos de chuvas e dias nublados", diz Tozatto.

A colheita ainda segue até novembro, por conta do atraso no plantio, que começou no final de julho, quando deveria ter começado no início de julho. Mas ainda há esperanças de que o clima colabore nos próximos dias, favorecendo o restante da colheita. Do contrário, vem mais triguilho nesta safra.
Problema maior é o mercado

O engenheiro agrônomo Paulo Volpato tem dados mais alarmantes. Para ele, em torno de 60% das lavouras estão infectadas por doenças. A qualidade dos grãos colhidos está bem abaixo do esperado. Mas problema maior é o preço de mercado. "Em função das chuvas, os agricultores vão produzir menos, e o preço não reage. A alternativa é jogar as cartas na soja. A maioria dos produtores também diminuiu o plantio de milho, que tinha perspectivas baixas de preço, e foi para a soja", afirma.

O plano B dos agricultores

Não é apenas o trigo que vem sendo substituído pela soja na região dos Campos Gerais. Segundo José Roberto Tozatto, a área de feijão caiu de 72 mil para 55 mil hectares. O milho teve sua área reduzida de 186 mil para 150 mil hectares. Em contrapartida, a área de soja aumentou de 435 mil para 480 mil hectares.

Isso ocorre devido aos baixos preços que os produtos (feijão, milho e trigo) estão tendo até o momento. A soja também não tem garantia nenhuma de que o preço será bom no momento da colheita, mas é um produto com certeza de exportação, o que dá mais segurança aos produtores.


Fonte: JM News - Jornal da Manhã.. - Danilo Kossoski
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