09
jan
2017
Colheita de soja do Brasil começa com previsão de recorde de 103,5 mi t, diz pesquisa

Em meio ao início da colheita das primeiras lavouras de soja da safra 2016/17, analistas mantêm o otimismo elevado em relação aos resultados da temporada no Brasil, que deverá alcançar um volume recorde de 103,5 milhões de toneladas, apontou uma pesquisa da Reuters nesta sexta-feira.

O número é a média de 18 previsões de consultorias e entidades ligadas ao setor e se compara com uma estimativa média de 103,1 milhões de toneladas da pesquisa realizada no início de dezembro.

Caso se confirme, a atual safra será de forte recuperação ante o volume de 95,4 milhões de toneladas de 2015/16, quando as expectativas iniciais de superar a marca de 100 milhões de toneladas foram frustradas por um clima adverso em várias regiões produtoras, principalmente sob influência do fenômeno El Niño.

Agora, sob influência de um La Niña de fraca intensidade, as anomalias no regime de chuvas são apenas pontuais, o que tem garantido um bom desenvolvimento das lavouras. Já há registro de colheita antecipada em algumas regiões de Mato Grosso, enquanto no Paraná há áreas que estão quase prontas.

"As condições no geral são boas. Tem alguns bolsões de problemas... mas não vejo motivos maiores para mexer muito na previsão", disse o analista Flávio França Junior, que projetou a colheita em 104,7 milhões de toneladas.

Na quinta-feira, a consultoria INTL FCStone elevou sua projeção em quase 700 mil toneladas, dizendo que "esse ajuste decorreu de aumentos de produtividade em alguns Estados, uma vez que a área plantada foi mantida inalterada".

"O Rio Grande do Sul é um Estado que apresenta um risco climático mais considerável, com maior variabilidade. Entretanto, neste ciclo, o clima tem sido positivo, o que deve garantir boas produtividades", completou a FCStone.

Embora muitas lavouras já estejam praticamente maduras e prontas para colheita ao longo do mês de janeiro, em outras áreas o clima ainda pode ser decisivo para o potencial produtivo.

A região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia) é uma das regiões que colhe a soja mais tarde e que merece atenção, após um dezembro com chuvas abaixo da média e um início de janeiro também com fracas precipitações.

"A previsão é que as chuvas no Matopiba normalizem só em fevereiro, mas nos próximos dias tem previsão de chuvas isoladas. Se isso se confirmar, ameniza o problema. Vamos monitorar", disse França Junior.

A perspectiva de colheita recorde no Brasil, maior exportador mundial de soja, deve contribuir para um cenário de estoques domésticos e internacionais confortáveis nos próximos meses, potencialmente mantendo pressionados os preços da commodity na bolsa de Chicago.

Segundo a FCStone, as exportações de soja em grãos do Brasil deverão passar para 55 milhões de toneladas em 2016/17, ante 51,3 milhões em 2015/16, enquanto os estoques domésticos deverão saltar para 5,73 milhões ante 1,86 milhão de toneladas, na mesma comparação. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deverá atualizar as suas projeções de safras de grãos na próxima terça-feira.

MILHO

A pesquisa da Reuters, que consultou 18 fontes, apontou também que a safra de milho do Brasil em 2016/17 deverá alcançar um recorde de 88,1 milhões de toneladas, um ganho de mais de 30 por cento na comparação com a temporada anterior, cuja safra de inverno foi severamente prejudicada por seca.

As estimativas variam de forma significativa, desde 81,3 milhões até 99 milhões de toneladas. As diferenças ocorrem principalmente devido a visões mais otimistas ou conservadoras em relação à segunda colheita da temporada, também conhecida como "safrinha", que ainda será plantada.

Em 2016, em um cenário de oferta apertada, os preços do milho dispararam no Brasil. A expectativa de muitos analistas é de que a área dedicada ao cereal na safrinha, semeada imediatamente após a colheita da soja, seja ampla, com produtores buscando ainda aproveitar os bons preços do grão.

"Esse aumento considerável (na segunda safra de milho) deve ser incentivado pelo contexto de preços mais elevados. Ademais, o plantio da soja foi mais adiantado em algumas regiões, o que resulta em uma área maior com possibilidade de ser semeada dentro da janela da safrinha", disse a FCStone em seu relatório.

 

Fonte: Reuters
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