05
jan
2010
Clima sustenta retomada da safra de grãos
Boas lavouras de soja e milho indicam produção cheia no Paraná. Recuperação anima agricultores, mas real forte diante do dólar compromete margem de lucro


Com a safra de grãos implementada e mais de 90% das lavouras em boas condições, os produtores paranaenses começam 2010 mais aliviados. Se o clima continuar ajudando, podem colher neste ano a maior safra de soja da história. A produção de milho não bate recorde, mas também tem um gosto especial, de retomada. O potencial é para 20 milhões de toneladas de grãos de verão, 13,1 milhões de soja e 6,95 milhões de toneladas de milho, conforme avaliação da Expedição Safra RPC. No ciclo passado, prejudicada pelo clima seco, a produção das duas culturas no verão não chegou a 15 milhões de toneladas.

Desde novembro o clima está como a lavoura gosta. Estamos caminhando para uma safra recorde de soja”, diz Margorete Demarchi, agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab.

“Em termos de mercado, 2010 será um ano parecido com 2009. Mas a produção será maior. As perspectivas para a safra de verão são otimistas. O clima está muito bom. Se continuar assim, ao final da temporada 2009/10, o Paraná pode alcançar 32 milhões de toneladas, contra 26 milhões no ano anterior”, estima Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Além de soja e milho de verão, a projeção de Turra considera as demais 19 culturas analisadas pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) e prevê queda no plantio de trigo e aumento da área de milho safrinha.

“Com produção crescente, o vilão da rentabilidade agrícola em 2010 será o câmbio. “O produtor comprou insumos com o dólar a R$ 2,10 e a safra será vendida com câmbio de R$ 1,70. É um diferencial que reduz a margem de lucro do produtor”, compara Gilda M. Bozza, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). Na época do plantio, o bushel (27,6 quilos) da soja oscilava entre US$ 11 e US$ 12 na Bolsa de Chicago (CBOT), o equivalente a mais de R$ 53 a saca de 60 quilos, considerando o câmbio da época e sem descontar prêmio de exportação ou outros deságios. Hoje, na mesma conta (câmbio e CBOT atuais, sem descontos), a saca vale menos de R$ 39.

“Mesmo que o preço não seja tão bom, em anos de boa safra como este o produtor ganha na escala, em produtividade”, observa Turra. “O preço da soja está mais baixo que na safra passada, mas ainda remunerador. Já o milho não está tão bom, e o governo vai precisar garantir o preço mínimo. O trigo, com área menor, boa produtividade e preço mínimo, deve ter rentabilidade positiva neste ano”, afirma.

Fonte: Gazeta do Povo - Luana Gomes
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