O Brasil deve colher 5,7 milhões de toneladas de trigo em 2017, 6,5% a menos do que o previsto em junho, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de julho, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O clima desfavorável reduziu a safra de trigo em 400 mil toneladas na passagem de junho para julho. O instituto, porém, segue projetando uma safra recorde de grãos em 2017 e aumentou em 0,7% sua estimativa para a produção nacional em julho ante o mês de junho.
"O excesso de chuva e as geadas reduziram a estimativa para a safra de trigo", explicou Carlos Antonio Barradas, gerente na Coordenação de Agropecuária do IBGE. Segundo o instituto, os problemas meteorológicos ocorreram desde antes do plantio, com excesso de chuvas até junho, depois a estiagem que ainda persiste, seguida de fortes geadas que afetaram as lavouras mais adiantadas. "O clima na região Sul é muito instável", completou Barradas.
Em julho, houve queda de 3,8% na área colhida e redução de 2,8% no rendimento médio, em relação às expectativas de junho. O Paraná, com participação de 49,7% no total nacional, aguarda uma safra de 2,8 milhões de toneladas de trigo, o equivalente a uma redução de 8,1% em relação ao mês anterior. A área colhida encolheu 2,2%, enquanto o rendimento médio teve redução de 6,0%.
O Rio Grande do Sul, com participação de 36,8% no total nacional, espera uma safra de 2,1 milhões de toneladas, redução de 4,8% em relação ao mês anterior, com a área colhida 4,4% menor e rendimento médio 0,5% inferior.
Segundo o IBGE, os preços pouco compensadores e as dificuldades de comercialização do produto pesaram na decisão dos produtores, que reduziram os investimentos nas lavouras ou optaram por alternativas como o cultivo de aveia e cevada.
Safra recorde. Os números do IBGE sobre a safra de grãos no País seguem projetando colheita recorde para o ano de 2017. Os dados de julho apontam para a produção de 242,1 milhões de toneladas de grãos este ano, um avanço de 31,1% em relação à produção de 2016, que totalizou 184,7 milhões de toneladas. A estimativa supera em 0,7% a prevista em junho, com 1,8 milhão de toneladas a mais de grãos.
A revisão na estimativa para a safra do milho foi o que impulsionou a nova estimativa. Segundo o IBGE, o País deve colher 99,4 milhões de toneladas do grão em 2017, 1,7% mais que o previsto em junho.
"É reajuste de estimativas, que constatou produtividade maior", disse Barradas. O crescimento equivale a um aumento de 1,7 milhão de toneladas em julho ante a estimativa de junho, com 200 mil toneladas a mais na primeira safra e 1,5 milhão de toneladas a mais na segunda safra.
"Esse milho de segunda safra ainda é chamado safrinha, mas é a grande safra de milho do País, porque o produtor na primeira safra tem dado prioridade ao cultivo da soja; depois planta o milho", lembrou.
A produção do milho primeira safra alcançou 31,2 milhões de toneladas, um aumento de 1,0% em relação ao estimado no mês anterior e que reflete as reavaliações positivas em Mato Grosso (7,1%), Rio Grande do Sul (0,4%), Paraná (2,6%), São Paulo (2,5%), Pará (2,2%), Tocantins (1,7%), Ceará (12,9%), Rio Grande do Norte (4,8%) e Alagoas (4,4%).
A produção do milho segunda safra deve alcançar 68,2 milhões de toneladas, alta de 2,1% em relação ao mês anterior. Em São Paulo, a estimativa de produção de 2,1 milhões de toneladas aumentou 31,2% em relação ao mês anterior, com o rendimento médio crescendo 26,6%. Em Mato Grosso, com uma safra recorde de 28,2 milhões de toneladas, houve aumento de 3,9% na estimativa da produção, avanço de 1,8% na área colhida e crescimento de 2,0% no rendimento médio.
"Esse milho de segunda safra está sendo colhido agora, boa parte já foi colhida. À medida que a colheita está sendo realizada os produtores estão se deparando com rendimento melhor", contou o gerente do IBGE.
Conab. A produção brasileira de grãos em 2016/17 deve atingir o recorde de 238,2 milhões de toneladas, informou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume supera em 1 milhão de toneladas o previsto no levantamento anterior, que apontava colheita de 237,2 milhões de toneladas. Se confirmado o volume, a produção será 27,7% maior que a do ciclo passado, com 51,6 milhões de toneladas a mais. Na temporada 2016/17 o Brasil produziu 186,6 milhões de t.
Segundo o relatório que acompanha a 11ª e penúltima estimativa da safra 2016/17, além da área, que cresceu 4%, foram responsáveis pelo bom resultado o clima favorável e o uso de tecnologia nas lavouras, que elevou a produtividade, em especial a de milho e a de soja. A área é estimada em 60,7 milhões de hectares, acima dos 58,3 milhões de ha da safra 2015/2016. "A produtividade média da leguminosa subiu de 2.870 para 3.362 kg/ha e a do milho total, de 4.178 para 5.563 kg/ha", diz a Conab.
Fonte: Revista Portos e Navios
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