SÃO PAULO (Reuters) - As chuvas atípicas registradas no Sudeste do Brasil esta semana deverão se repetir em toda a semana que vem, com possibilidade de prejuízos para diversas culturas agrícolas do Brasil, projetou nesta quarta-feira a Somar Meteorologia.
"Devido à influência do El Niño e também por conta de que as águas do Atlântico estão mais quentes do que o normal em toda faixa litorânea do Brasil, as frentes frias estão conseguindo avançar com maior facilidade sobre o Sudeste e daí, mantendo esse padrão, que mais parece de verão (chuvoso)", disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar, em um relatório diário.
Segundo ele, os maiores volumes de chuvas estão ocorrendo sobre o Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. "Os trabalhos de campo, como colheita, plantio e realização de tratos culturais serão afetados, gerando atrasos e provocando perdas regionalizadas de produtividade e de qualidade", afirmou.
Na avaliação do especialista, a umidade está reduzindo a concentração de açúcar na cana, o que "acarretará uma redução na produção de açúcar e etanol". O diretor operacional da Raízen, maior produtora de açúcar e etanol do mundo, Pedro Mizutani, disse na terça-feira que a produção dos canaviais do centro-sul do Brasil poderá ficar acima do esperado na atual safra 2015/16, superando 600 milhões de toneladas, com a ajuda do inverno chuvoso, mas se as precipitações persistirem nas próximas semanas nem todo o volume de cana seria processado nesta temporada.
Enquanto isso, o Paraná e Estados do Centro-Oeste colhem a segunda safra de milho da temporada 2014/15, com volumes recordes. Para Santos, o efeito das chuvas pode ser de danos nos grãos provocados pela umidade. Ainda no Sul, agricultores plantam a safra 2015 de trigo, que pode ser prejudicada pelas chuvas excessivas.
Isso sem falar no café, cuja colheita está em andamento. As chuvas podem atrapalhar os trabalhos, derrubar grãos e prejudicar a qualidade do produto. O viés positivo da presença das chuvas é que elas estão impedindo o avanço de massas de ar polar e de frio que podem prejudicar as lavouras de café. "Não há riscos para ocorrência de geadas para esses próximos 15 dias", disse o agrometeorologista.
Fonte: Agrolink
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