12
set
2011
Chuva preocupa produtor de trigo do Brasil; importação crescerá
Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Chuvas previstas para os maiores produtores de trigo do Brasil, o Paraná e o Rio Grande do Sul, poderão afetar a produtividade e a qualidade da safra -- o que vem preocupando produtores nos dois Estados, segundo especialistas.
Paraná e Rio Grande do Sul responderão por 90 por cento da nova safra, cuja colheita está em seu início, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que previu na sexta-feira (9) a produção nacional em 5,14 milhões de toneladas, queda de 12,5 por cento ante 2010. O dado considera uma área plantada 3 por cento menor e também geadas que reduziram o potencial produtivo de lavouras paranaenses.
Mas a situação pode se complicar ainda mais no Rio Grande do Sul, que produzirá, segundo a Conab, 2,1 milhões de toneladas.
"Semana que vem tem bastante chuva prevista para o Rio Grande do Sul, isso com certeza deve afetar as lavouras por lá", afirmou Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Somar Meteorologia.
A Somar prevê um volume acima de 50 milímetros para o Rio Grande do Sul, ou cerca de um terço do que chove historicamente em setembro. "O Estado deve fechar o mês com chuvas acima da média", acrescentou ele.
O Rio Grande do Sul, diferentemente do Paraná, ainda não começou a colher o seu trigo. Mas chuvas em lavouras gaúchas agora poderiam prejudicar o controle de doenças fúngicas, que têm potencial de reduzir a produtividade.
"Tem chovido muito... É claro que preocupa, mas por enquanto não dá para identificar possíveis danos. Se continuar chovendo, fica difícil para entrar na lavoura e realizar o tratamento fitossanitário", afirmou Ataides Jacobsen, agrônomo da Emater, o órgão de assistência técnica do governo.
Segundo Jacobsen, diante da previsão de chuva, "a situação é de cautela".
O Rio Grande do Sul vem ampliando a sua produção de trigo destinado à produção de farinha para a panificação. O Estado também responde pela maior parte das recentes exportações do Brasil para países que valorizam um produto com características de um cereal "soft".
PARANÁ
As chuvas previstas para o Paraná, que produz um trigo mais apreciado pela indústria para panificação, são de menor intensidade.
Mas precipitações nas lavouras do Estado poderiam afetar a qualidade do produto, que está mais perto de ser colhido.
"Quando chove na colheita por mais de três dias, é preocupante", disse Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná).
Turra lembrou que uma parte do trigo "geado" virou triguilho e deverá ser vendido como ingrediente para a ração animal, mas ele disse não ser possível falar em percentuais.
O potencial produtivo do Estado foi reduzido em cerca de 300 mil toneladas, para 2,48 milhões de toneladas, após as geadas.
"Esperava-se uma produtividade melhor (no trigo que foi colhido)... a expectativa é que melhore a partir de agora", disse ele.
Deve chover no Paraná nos próximos dias. Depois, haverá uma pausa e as precipitações voltam no final da próxima semana.
"Toda chuva no Paraná é preocupante; o trigo não gosta de chuva na colheita", disse Carvalho, da Somar.
O Brasil consome pouco mais de 10 milhões de toneladas de trigo por ano, segundo a Conab.
Com uma produção menor, deverá ampliar as importações em 2011/12 para 5,9 milhões de toneladas, contra 5,7 milhões na temporada anterior, situação que pode ser agravada no caso de as condições das lavouras se deteriorarem pelas chuvas.
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SÃO PAULO (Reuters) - Chuvas previstas para os maiores produtores de trigo do Brasil, o Paraná e o Rio Grande do Sul, poderão afetar a produtividade e a qualidade da safra -- o que vem preocupando produtores nos dois Estados, segundo especialistas.
Paraná e Rio Grande do Sul responderão por 90 por cento da nova safra, cuja colheita está em seu início, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que previu na sexta-feira (9) a produção nacional em 5,14 milhões de toneladas, queda de 12,5 por cento ante 2010. O dado considera uma área plantada 3 por cento menor e também geadas que reduziram o potencial produtivo de lavouras paranaenses.
Mas a situação pode se complicar ainda mais no Rio Grande do Sul, que produzirá, segundo a Conab, 2,1 milhões de toneladas.
"Semana que vem tem bastante chuva prevista para o Rio Grande do Sul, isso com certeza deve afetar as lavouras por lá", afirmou Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Somar Meteorologia.
A Somar prevê um volume acima de 50 milímetros para o Rio Grande do Sul, ou cerca de um terço do que chove historicamente em setembro. "O Estado deve fechar o mês com chuvas acima da média", acrescentou ele.
O Rio Grande do Sul, diferentemente do Paraná, ainda não começou a colher o seu trigo. Mas chuvas em lavouras gaúchas agora poderiam prejudicar o controle de doenças fúngicas, que têm potencial de reduzir a produtividade.
"Tem chovido muito... É claro que preocupa, mas por enquanto não dá para identificar possíveis danos. Se continuar chovendo, fica difícil para entrar na lavoura e realizar o tratamento fitossanitário", afirmou Ataides Jacobsen, agrônomo da Emater, o órgão de assistência técnica do governo.
Segundo Jacobsen, diante da previsão de chuva, "a situação é de cautela".
O Rio Grande do Sul vem ampliando a sua produção de trigo destinado à produção de farinha para a panificação. O Estado também responde pela maior parte das recentes exportações do Brasil para países que valorizam um produto com características de um cereal "soft".
PARANÁ
As chuvas previstas para o Paraná, que produz um trigo mais apreciado pela indústria para panificação, são de menor intensidade.
Mas precipitações nas lavouras do Estado poderiam afetar a qualidade do produto, que está mais perto de ser colhido.
"Quando chove na colheita por mais de três dias, é preocupante", disse Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná).
Turra lembrou que uma parte do trigo "geado" virou triguilho e deverá ser vendido como ingrediente para a ração animal, mas ele disse não ser possível falar em percentuais.
O potencial produtivo do Estado foi reduzido em cerca de 300 mil toneladas, para 2,48 milhões de toneladas, após as geadas.
"Esperava-se uma produtividade melhor (no trigo que foi colhido)... a expectativa é que melhore a partir de agora", disse ele.
Deve chover no Paraná nos próximos dias. Depois, haverá uma pausa e as precipitações voltam no final da próxima semana.
"Toda chuva no Paraná é preocupante; o trigo não gosta de chuva na colheita", disse Carvalho, da Somar.
O Brasil consome pouco mais de 10 milhões de toneladas de trigo por ano, segundo a Conab.
Com uma produção menor, deverá ampliar as importações em 2011/12 para 5,9 milhões de toneladas, contra 5,7 milhões na temporada anterior, situação que pode ser agravada no caso de as condições das lavouras se deteriorarem pelas chuvas.