Chuvas em excesso e nebulosidade em áreas produtoras de soja do Brasil começam a levantar preocupações quanto a atrasos na colheita e à proliferação de doenças, em especial o fungo da ferrugem, de acordo com especialistas ouvidos pela Reuters.
Na virada do ano, as precipitações eram vistas como essenciais para o desenvolvimento da cultura, que sofreu com a seca no início do plantio, mas a continuidade do tempo chuvoso agora deixa os produtores em alerta quanto à safra 2017/2018.
Conforme o Agriculture Weather Dashboard, do terminal Eikon da Thomson Reuters, até 20 de janeiro várias áreas de Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul -- Estados do país onde a colheita se inicia primeiro-- devem receber cerca de 150 mm ou mais de chuvas. Em alguns caso, como norte de Mato Grosso e Paraná, as precipitações serão acima do normal.
"Muitos produtores, principalmente de Mato Grosso, já começam a ficar ainda mais apreensivos, pois essas chuvas não estão dando tréguas e, com isso, todos os trabalhos de campo, como pulverizações e colheita, estão paralisados", afirmou o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima, em relatório.
"O grande problema disso é que esse tempo extremamente úmido tem propiciado um aumento diário no número de focos de doenças. E, sem o devido controle, as perdas de produtividade poderão vir a ocorrer...", acrescentou Santos.
No caso da ferrugem, uma das principais doenças que ameaçam a soja, o número de focos no país já soma 89 de 1º de outubro até 8 de janeiro na safra 2017/2018, alta de mais de 10 por cento na comparação com o mesmo período da temporada 2016/2017, segundo o Consórcio Antiferrugem, parceria público-privada que registra as ocorrências. A ferrugem é uma doença que pode ser controlada pelas aplicações de fungicidas, mas o tempo úmido dificulta a entrada das máquinas para a pulverização.
Sem insolação adequada, a planta também pode produzir menos do que o potencial. "Esse tempo fechado também reduz as taxas fotossintéticas, o que poderá impactar negativamente na granação e, consequentemente, na produtividade das lavouras", acrescentou Santos, da Rural Clima.
ATRASO AMENIZA
O impacto só não é maior porque as atividades de campo devem começar mais tarde neste ano, reflexo do atraso no plantio em 2017.
Fonte: Reuters
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