Igor Castanho
Depois de enfrentar a irregularidade climática no plantio, o produtor brasileiro de soja não deve contar com o clima que sonhou para o desenvolvimento e a colheita, até fevereiro. Mas o quadro melhorou. As secas, anunciadas para o período entre dezembro e janeiro, parecem cada vez mais distantes. Enquanto na região Centro-Oeste do país os especialistas têm subsídios para uma avaliação mais precisa e otimista quanto à garantia de água, o Sul lida com a incerteza. Existe a confirmação de que as pancadas vão ocorrer, mas de forma heterogênea.
Luiz Renato Lazinski, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que os modelos de previsão apontam neste momento para uma condição de neutralidade climática, sem a ocorrência de El Niño ou La Niña. O resultado será o registro de chuvas com abrangência irregular na Região Sul, que devem se manifestar na forma de pancadas. “Até o final da safra de verão isso não deve mudar”, avalia. Segundo ele, algumas áreas podem encarar escassez hídrica, mas esses casos podem ser considerados pontuais.
Os riscos para a safra sulina também são minimizados por Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Somar Meteorologia. “Não vai ser o clima que vai prejudicar a safra, mas ela também não será redonda”, ressalta. Ele afirma que a região está com índices de pluviosidade abaixo da média, embora existam registros de temporais entre o Oeste do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. “Não é a previsão que está errando.O problema é que as chuvas não são generalizadas. Às vezes cai na cidade e não nas fazendas, dando a falsa impressão que os modelos estão errados”, complementa.
No Paraná, a projeção do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) é de que o volume de chuvas siga próximo à média histórica nos próximos três meses, explica a agrometeorologista Heverly Morais. “Os prognósticos mostram uma tendência de chuva dentro da normalidade para todo o Paraná e a região Norte de Santa Catarina”, sustenta.
Demais regiões
Para a região Centro-Oeste e a Centro-Norte do país, os especialistas avaliam que as chuvas devem ser mais constantes. Santos, da Somar, acredita que os volumes devem se manter acima da média. “Uma frente fria estacionada sobre a região central do Brasil está provocando a primeira invernada da primavera, quando chove por vários dias consecutivos. Muitas vezes não são altos volumes, mas as chuvas são contínuas”, aponta.
Já na Argentina, onde o temporal tem comprometido o avanço do plantio de soja. Lazinski explica que o fenômeno se deve a um aquecimento nas águas do Oceano Atlântico próximas à região da bacia do Rio da Prata, na fronteira com o Uruguai. “A temperatura acima do normal ajuda a segurar as frentes frias, gerando as chuvas”, sustenta.