O excesso de chuva em fevereiro já afeta a colheita de soja nas regiões de Dourados e fronteira com o Paraguai, as duas maiores produtoras do grão em Mato Grosso do Sul. Chove constantemente há pelo menos uma semana nessas regiões e a colheita está totalmente parada em vários municípios, segundo agricultores e engenheiros agrônomos que acompanham as lavouras.
Além da preocupação com prejuízo causado pela soja apodrecendo nas roças, os produtores temem atraso no plantio do milho segunda safra. Lavouras tardias ficam mais sujeitas aos efeitos do inverno, principalmente geadas e pouca chuva na época de desenvolvimento da planta.
O zoneamento do milho recomenda que todas as lavouras sejam plantadas até o dia 10 de março na região de Dourados, mas em várias propriedades o atraso já é dado como certo porque a soja ainda nem começou a ser colhida.
“A colheita está atrasada e o por causa disso já haverá atraso no plantio do milho. O prejuízo até agora é muito pequeno, mas já ocorre em algumas lavouras”, afirmou ao Campo Grande News o engenheiro agrônomo douradense Bruno Tomasini.
Segundo ele, somente após a retomada da colheita será possível avaliar os prejuízos. “A colheita está caminhando aos poucos. Agora já está parada há quatro dias. Até a semana passada abria o sol, colhia uma parte e logo chovia de novo”.
Chuva para amanhã – O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste Rodrigo Garcia afirma que já existe um pequeno atraso, mas não vê prejuízo por causa da chuva. Segundo ele, as previsões indicam que a chuva deve parar a partir de amanhã, permitindo a retomada da colheita até o fim de semana.
“Dados da Aprosoja mostram que na região centro-sul do Estado a colheita está atrasada 6%, mas por enquanto o atraso não é tão significativo. Ocorre que tem muito produtor que acaba dessecando a lavoura, aí o tempo para a colheita fica menor e precisa entrar rápido para colher senão o grão começa a apodrecer”, explicou Rodrigo.
“É possível que nessa safrinha haja mais lavouras de milho plantadas depois do período recomendado, em que o potencial produtivo diminui e o risco aumenta, porque a planta pode sofrer com geada e falta de água”, avalia o pesquisador.
Clima – Ricardo Fietz, outro pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, mas com atuação mais voltada a acompanhar o clima, disse que nos primeiros 20 dias de fevereiro choveu 40% a mais do que o volume esperado para o mês inteiro em Dourados. A precipitação média histórica de fevereiro chega aos 145 milímetros, mas do dia 1º até hoje o volume chega a 206 milímetros. Só no dia 10 a chuva chegou a 102 milímetros. No município de Ivinhema, onde a Embrapa também mantém estação agrometeorológica, o acumulado neste mês chega a 157 milímetros, sendo 88 mm da chuva de ontem.
Segundo Ricardo Fietz, a região está sem enfeito do fenômeno La Niña, quando a água do Pacífico esfria e chove menos. “Estamos em uma neutralidade climática, sem efeito de fenômenos, o que preocupa para o inverno, já que pode faltar chuva lá na frente”. Ele confirmou previsão de estiagem a partir de amanhã, mas com possibilidade de novas chuvas na semana que vem.
Colheita estadual – De acordo com levantamento do Siga MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio), divulgado pela Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), 5,1% da área plantada em MS foi colhida até a semana passada.
Na região norte a colheita está mais avançada, com 8,2%. Na região centro do estado 7,1% de área foi colhida e na região sul a colheita chegou a 3,6 %, totalizando 98,8 mil das 2,6 milhões de hectares plantados com soja na safra 2017/2018.
Em duas semanas a colheita avançou pouco, já que no dia 5 deste mês a associação havia informado que 2% da safra tinha sido colhida até aquela data em 24 municípios. A estimativa de produção é de 8,7 milhões de toneladas, com produtividade média de 56 sacas por hectare.
Fonte: Campo Grande News
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