22
jun
2012
Chuva castiga culturas de inverno na região de Londrina/PR

Alto índice de umidade favorece o aparecimento de doenças fúngicas nas plantações de trigo e milho

As culturas de trigo e milho começam a apresentar focos de doenças fúngicas em propriedades na região de Londrina. O motivo é o excesso de umidade ocasionada pelas constantes chuvas que vêm ocorrendo nos últimos dias. Ildefonso Haas, engenheiro agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), afirma que ainda não se tem um índice de incidência da moléstia nas lavouras do Paraná, mas é possível adiantar que ''já há uma certa infestação''.

Em uma área plantada com 100 hectares de milho, o produtor Carlos Kamiguchi, de Mauá da Serra, registra um índice de infestação de 50% com doenças fúngicas. ''Agora a única solução é que o tempo melhore para que a moléstia não se dissemine para outras áreas'', sublinha. Kamiguchi completa que também já observou focos de fungos na sua lavoura de trigo, mas ainda não contabilizou o grau de incidência em seus 200 hectares de área plantada com o cereal. O agricultor desabafa que está preocupado com a situação, mas segue na esperança de que o clima ajude daqui por diante.

Hass orienta os produtores a não aplicarem fungicidas para prevenir uma possível infestação. Segundo ele, só deve haver intervenção química quando houver uma alta proliferação de fungos, cálculo que pode variar de acordo com a propriedade. Além disso, o produtor também deve esperar passar o período de chuva. Hass completa que, se possível, a aplicação deve ser feita no início do desenvolvimento dos fungos. Ele ainda orienta os agricultores a manterem sempre um constante monitoramento.

Chuva na lavoura

Outro agravante provocado pelo clima chuvoso é a não realização da fotossíntese das plantas. Segundo Kamiguchi, esse processo depende diretamente da luz solar. ''Estamos a quase uma semana sem sol'', destaca o agricultor. Hass acrescenta que outro problema recorrente quando há uma alta incidência de chuva é a erosão do solo. ''Ao andar pela região, percebemos que as curvas de nível estão cheias de água'', observa. Segundo o agrônomo, em alguns distritos da região de Londrina choveu em torno de 300 milímetros nos últimos três dias. ''Muitos terraços não dão conta de reter todo esse volume de água'', aponta.

Além disso, Hass completa que as condições do plantio direto na região não estão adequadas para suportar essas intempéries. O agrônomo salienta que o plantio direto e o terraceamento realizados adequadamente reduzem os prejuízos. ''Muitos produtores deixaram de investir nesse tipo de manejo nos últimos anos'', lamenta. Mas, segundo ele, esse quadro pode ser revertido.

Produção

De acordo com informações do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), só em trigo, os produtores paranaenses plantaram neste ano 792 mil hectares, uma queda em área cultivada de 25%. Em termos de produção, o Deral estima um volume total de 2,28 milhões de toneladas, ante 2,45 milhões em comparação com a safra passada. Já no milho segunda safra, houve um incremento de área na ordem de 19%, sendo plantados neste ano 2,02 milhões de hectares. A expectativa em produção para este ciclo é de 10,23 milhões de toneladas, ante 6,36 milhões de toneladas.

Meteorologia

A média de chuvas para a região nos meses de junho é de 87 milímetros. Mas, neste mês, até as 15 horas de ontem, já havia chovido 346 milímetros. Segundo a meteorologista do Instituto Simepar, Ângela Costa, o recorde histórico é de junho de 1997, quando choveu 424 milímetros. Questionada se existe a possibilidade de nova quebra de recorde, já que ainda faltam oito dias para o fim do mês, ela preferiu não arriscar um palpite. Segundo Ângela, embora o céu permaneça com muitas nuvens, não deve chover de hoje até domingo. Mas há previsão de novas pancadas para a segunda-feira. A temperatura deve cair um pouco no final de semana, podendo chegar a 8 graus amanhã.

Ricardo Maia


Fonte: Folha Web
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