Em comemoração aos 49 anos, a Embrapa, em parceria com a Fundação Meridional, está lançando as primeiras cultivares de soja com a tecnologia Xtend® (XTD). Por serem tolerantes aos herbicidas glifosato e dicamba, as cultivares BRS 2553XTD e BRS 2558XTD são excelentes opções de refúgio para a tecnologia Intacta 2Xtend® (I2X); e esta, além da tolerância aos herbicidas, agrega a resistência às principais lagartas da soja. A Embrapa considera o uso das cultivares Xtend®, uma medida preventiva para evitar a resistência das lagartas às cultivares Intacta 2Xtend® e, assim, prolongar a vida útil dessa tecnologia.
BRS 2553XTD
A BRS 2553XTD é uma cultivar que poderá ser usada nas áreas de refúgio para cultivares com a tecnologia I2X. Possui alta performance produtiva, associada à precocidade (grupo de maturidade 5.3). “É a cultivar mais precoce do portifólio da Embrapa e, como associa precocidade com boa ramificação, é capaz de produzir mais vagens garantindo excelente produtividade. A arquitetura das plantas também é um ponto alto porque favorece a aplicação e penetração de produtos químicos”, diz o pesquisador Carlos Lásaro Pereira de Melo.
A BRS 2553XTD é indicada para região a (REC 102) do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, especialmente com altitude superior a 700 metros. “Nestas regiões seu potencial produtivo é incrementado, podendo ser superior aos 5 mil quilos por hectare, o que supera os diferentes padrões de mercado com que foi comparada”, ressalta.
Outra característica relevante da BRS 2553XTD é a resistência à podridão radicular de Phytophthora, doença causada por um patógeno de solo que vem trazendo elevados prejuízos econômicos para as lavouras infectadas. É também resistente ao cancro da haste, à mancha olho de rã e ao mosaico comum da soja, moderadamente resistente ao oídio e tolerante ao vírus da necrose da haste.
BRS 2558XTD
A BRS 2558XTD também é uma cultivar que poderá ser usada nas áreas de refúgio para cultivares com a tecnologia I2X. A cultivar é precoce (grupo de maturidade 5.8), indicada inicialmente para uma região (REC 103) dos Estados do Rio Grande do Sul e Paraná. Devido ao ciclo da cultivar, este lançamento é indicado para aqueles que querem fazer antecipação da semeadura, porque pode ser semeada a partir de setembro, logo após o vazio sanitário. “É uma ótima opção de cultivar precoce, por estar adaptada à antecipação de semeadura, permitindo encaixe em sistemas de sucessão/rotação de culturas, como feijão ou milho safrinha”, destaca o pesquisador Carlos Lásaro Pereira de Melo.
Outro ponto alto da cultivar é o excelente potencial produtivo, associado à ótima capacidade de ramificação das plantas, superando em produtividade as cultivares mais produtivas e plantadas do mercado, na região indicada. “Nos testes de avaliação, a BRS 2558XTD apresentou potencial médio acima de 5 mil quilos por hectare, o que é bastante relevante quando comparado com outras cultivares”, ressalta o pesquisador.
A cultivar destaca-se pela boa sanidade, especialmente a resistência à podridão radicular de Phytophthora. “Essa característica agrega maior estabilidade, caso a doença se manifeste, porque as plantas não são afetadas, ao contrário das cultivares suscetíveis”, afirma Melo. É resistente ainda ao cancro da haste, ao mosaico comum da soja e moderadamente resistente à mancha olho de rã.
A BRS 2558XTD tem teor médio de proteína em torno de 40%, enquanto a média nacional é de 36%. Portanto, traz ganho bem expressivo para a agroindústria produtora de ração animal.
Valorizando inovações e tecnologia
"Ao longo de 22 anos de parceria com a Embrapa, a Fundação Meridional desenvolveu um grande portfólio de cultivares nas diferentes plataformas do melhoramento genético de soja. Estamos realmente com uma grande expectativa para estas novas tecnologias”, ressalta Ralf Udo Dengler, gerente executivo da Fundação Meridional.
“As cultivares com tecnologia Xtend®, BRS 2553XTD e BRS 2558XTD, já estão com campos inscritos na safra 21/22 e deveremos ampliar a oferta para a próxima safra, quando também deveremos lançar outras cultivares XTD, bem como as primeiras cultivares com tecnologia Intacta 2 Xtend®”, destaca Dengler.
Proteção Ampliada contra Lagartas
A soja Intacta 2 Xtend® reúne três proteínas (Cry1A.105 e Cry2Ab2 e Cry1Ac), o que proporciona proteção contra seis espécies de lagartas que incidem na cultura da soja: Helicoverpa armigera, Spodoptera cosmioides, lagarta falsa medideira (Chrysodeixis includens), lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), lagarta das maças (Chloridea virescens) e broca das axilas (Crocidosema aporema). “A piramidação de três proteínas nesta tecnologia reduz a probabilidade de quebra da resistência”, explica o pesquisador Daniel Sosa Gomez, da Embrapa Soja. “Porém, um aspecto fundamental para evitar a seleção de populações de lagartas resistentes nas lavouras com esta tecnologia é o plantio de áreas de refúgio estruturado”, explica Sosa Gomez.
A recomendação atual de refúgio para a cultura da soja é, no mínimo, 20% da área com tecnologia diferente da Intacta 2Xtend®. Segundo o pesquisador, esta é uma medida preventiva que consiste no plantio de parte da lavoura com a tecnologia Xtend® - ou outras opções de soja não-Bt (sem a toxina Bacillus thuringiensis (Bt) - a uma distância máxima de 800 metros de lavouras com a tecnologia Intacta 2Xtend®. “A adoção da área de refúgio possibilita o acasalamento aleatório de mariposas oriundas das áreas com a tecnologia Intacta 2 Xtend® e das áreas de refúgio, favorecendo a manutenção de populações suscetíveis e retardando a seleção de populações resistentes”, diz.
A Embrapa defende ainda que o manejo de pragas nas lavouras com a tecnologia Intacta 2 Xtend® siga as mesmas premissas do Manejo Integrado de Pragas (MIP), como o monitoramento e o controle no momento em que as pragas atingem o nível de ação, além de priorizar o uso de inseticidas mais seletivos.
Manejo de Plantas Daninhas e aplicação do herbicida dicamba
As cultivares de soja com tecnologia Intacta 2 Xtend® e tecnologia Xtend® são tolerantes aos herbicidas glifosato e dicamba, cuja molécula apresenta eficiência no manejo de plantas daninhas de folhas largas, como a buva, o caruru, a corda-de-viola, o picão-preto, dentre outras. “A associação do dicamba ao glifosato é mais uma alternativa disponível no mercado para a solução de problemas com as plantas infestantes, porém, é preciso usar corretamente os produtos”, ressalta o pesquisador Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja. “O dicamba é um herbicida recomendado para aplicação no pré-plantio da soja. É fundamental que sejam seguidas as informações contidas na bula, pois o uso em desacordo com as orientações técnicas pode ocasionar injúrias em culturas não-alvo da aplicação do herbicida”, conclui Gazziero.
Na avaliação do pesquisador, o agricultor deve estar atento quanto ao aparecimento ou disseminação de plantas daninhas resistentes. Além disso, lembra que a integração entre práticas de manejo envolve não só o controle químico, mas também a rotação dos mecanismos de ação dos herbicidas, a rotação de culturas - pelo menos na entressafra da soja - o uso de espécies para produzir uma boa palhada, a limpeza de máquinas e implementos agrícolas, o uso sementes de qualidade e livres de infestantes resistentes para evitar a reprodução dessas espécies.
Mais informações sobre as cultivares e essa nova tecnologia podem ser obtidas aqui www.embrapa.br/soja/cultivares.
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