O cenário da triticultura no Brasil passa por duas inversões: a primeira, influenciada pela soja e a segunda, pela indústria nacional. A soja, cujas cotações eram puxadas pelo trigo, agora deve contribuir para o avanço nos preços do cereal. Os moinhos brasileiros que, há duas safras davam preferência ao trigo importado, buscam o produto no País. Diante desse quadro, segundo Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico, o produtor vende sem pressa.
No entanto, ainda segundo Pih, devido à estimativa de área plantada maior para a safra de inverno no hemisfério Norte, o mercado futuro opera em queda nos preços do trigo, o que pode refletir em ligeiro recuo imediato nas cotações do grão.
Para Pih, com a falta de chuva, o plantio de soja no País pode ser comprometido, causando queda de oferta da oleaginosa no mundo. Com isso, o trigo pode voltar a ganhar força. "Se não chover nos próximos 30 dias, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, esse panorama se consolida", diz.
Na outra ponta do cenário da triticultura, a produção nacional, que nos últimos dois anos não agradou a indústria do País, agora contempla safra cheia e qualitativa. "O norte e oeste do Paraná estão com trigo de boa qualidade."
Segundo Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, no Paraná, os agricultores pedem R$ 500 por tonelada de trigo, enquanto os moinhos oferecem R$ 480. "A valorização do real frente ao dólar minimiza a alta do cereal no mercado doméstico", afirma.
Ainda no Paraná, a tonelada que era negociada a US$ 233 no início de julho, hoje vale US$ 278.
Levantamento da Safras aponta que o Paraná deve responder por 3 milhões de toneladas do ciclo brasileiro, estimado em 5,5 milhões de toneladas.
No início da escalada altista no mercado norte-americano, no dia 7 de julho o trigo era cotado a US$ 181 por tonelada em Chicago e no último dia 21 fechou em US$ 276 por tonelada, valorização de 53%. Na Argentina, o trigo era cotado a US$ 220 a tonelada no dia 10 de julho e no último dia 21 estava em US$ 300, alta de 36%.
A Argentina, maior fornecedor de trigo para o Brasil, deve produzir entre 11 milhões e 12 milhões de toneladas, segundo a Safras. "O volume argentino pode ultrapassar os 12 milhões", diz Pih. Segundo eles, a safra na Argentina caminha bem graças às recentes chuvas em Buenos Aires. "O Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai devem produzir 20 milhões de toneladas", afirma.
Farinha
De acordo com Lawrence Pih, o preço do pão deve sofrer uma segunda alta no ano, já que a estimativa do segmento é de avanço de 10% nas cotações da farinha para panificação. "O setor moageiro estava esperando o preço do trigo assentar", diz. Hoje, segundo Pih, a saca de 50 quilos gira em torno de R$ 54 e R$ 55.
Fonte: DCI Diário do Comercio & Industria
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