07
mar
2012
Cambé é modelo nacional de redução de perdas na colheita

Município apresenta índice de 0,37 sacas por hectare, o menor do País; média do Estado é de 1 saca por hectare

Regulagem adequada das colheitadeira ajudam a evitar desperdício

O município de Cambé tornou-se referência nacional no controle de perdas na colheita de soja. Trabalho desenvolvido desde 1991 pela parceria entre Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e Embrapa Soja, resultou no menor índice nacional de perdas: 0,37 sacas por hectare. A média paranaense é de 1 sc/ha e, no País, o índice chega a 2 sc/ha.

Nelson Harger, coordenador do Projeto Grãos, do Emater, calcula que se o Paraná tivesse o mesmo índice apresentado por Cambé, reduziria as perdas em 165 mil toneladas, volume que, ao preço atual da soja, representaria um incremento de R$ 130 milhões à renda dos produtores. Por outro lado, ao considerar a média estadual, o agrônomo do Emater, Alcides Bodnar, avalia que Cambé deixa de perder 22.050 sacas por ano em sua área de 35 mil hectares cultivados, o que equivalente a mais de R$ 948 mil.

Durante uma demonstração de colheita na fazenda Couro de Boi, em Cambé, pesquisadores e técnicos da Embrapa Soja e da Emater apresentaram as ações realizadas no Estado para evitar perdas e o novo copo medidor desenvolvido para controlar o problema. O resultado da amostragem feita na terça-feira (6) pela manhã indicou perdas menores de 0,5 sacas por hectare na propriedade.

O Programa de Redução de Perdas na Colheita de Soja promove capacitação de operadores e produtores para regulagem adequada de máquinas de forma a evitar desperdício, que ocorre principalmente na barra de corte da colheitadeira. ''No início dos trabalhos em Cambé, essas perdas eram de 2,40 sc/ha e hoje, após 21 anos de trabalhos ininterruptos com a tecnologia do copo medidor desenvolvida pela Embrapa Soja e cursos de regulagens de colheitadeiras para produtores e operadores, coordenados pela Emater, essas perdas estão há 14 anos seguidos abaixo de 0,5 sc/ha'', ressalta Bodnar.

No último concurso de perdas na colheita realizado no município, 93% das 143 colhedoras participantes perderam menos do que a média aceitável, que foi estabelecida pela Embrapa Soja em 0,75 sc/ha. Os vencedores do 19º Concurso Municipal serão conhecidos no dia 1º de julho deste ano e os técnicos da Emater, da cooperativa Cocamar e das empresas de planejamento Terra e Platec já estão fazendo amostragens a campo.

Segundo Harger, na safra 2011/12 as instituições estaduais estão retomando ações consistentes para prevenir e reduzir as perdas durante a colheita de soja no Paraná, ampliando o potencial de renda dos produtores. ''Novas regiões estão aderindo ao programa, com destaque para o Sudoeste, que está com grande expectativa'', revela. Além disso, estão sendo organizados 24 concursos de perdas na colheita nas regiões de Londrina, Maringá, Campo Mourão, Francisco Beltrão e Pato Braco. Foram, ainda, produzidos 4.200 copos e manuais de instrução para os produtores paranaenses. O coordenador do Projeto Grãos, avalia que a tecnologia atual permite reduzir pela metade a média paranaense de perdas.

Harger explica que o Emater atua com foco em duas frentes nos campos paranaenses: reduzir as perdas de eficiência na aplicação de agrotóxicos por deriva e diminuir as perdas ocorridas durante a colheita. ''Em termos de desperdício, as perdas na colheita somente estão atrás dos danos causados pelas doenças na cultura da soja'', explica.

Mariana Fabre


Fonte: Folha Web
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