15
abr
2021
Brasil tem o primeiro laboratório público de pesquisa

O Laboratório de Biotecnologia do Solo da Embrapa Soja (PR) recebeu, em março de 2021, a acreditação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) na norma ISO 17025:2017, tornando-se o primeiro laboratório de pesquisa público brasileiro apto a realizar análises de inoculantes e identificação de microrganismos. O reconhecimento do Inmetro impacta positivamente o mercado de insumos biológicos, em franco crescimento no País, com a comercialização de mais de 70 milhões de doses de inoculantes na última safra. Abre também portas para a exportação de bioinsumos pela indústria nacional.

Foram acreditados quatro ensaios biológicos, incluindo a avaliação da concentração e de pureza de inoculantes líquidos e turfosos, de recuperação de células inoculadas nas sementes e de identidade de microrganismos inoculantes.  “Essa conquista é relevante porque os relatórios de ensaios referentes às análises de inoculantes emitidos por laboratório acreditado em ISO 17025:2017 são reconhecidos internacionalmente”, afirma o gestor de qualidade da Embrapa Soja, Moisés de Aquino.

Com esse reconhecimento, a Embrapa Soja passa a compor o seleto grupo de laboratórios internacionais com acreditação para garantir a produção de bioinsumos. “Estamos muito felizes com a acreditação, que dá ainda mais destaque à Embrapa como empresa que zela pela pesquisa e conservação de microrganismos, desenvolvimento e análise de bioinsumos e ainda mantém a agricultura brasileira em patamares elevados de produtividade e de sustentabilidade”, comemora Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja. 

Do laboratório ao mercado 

A Coleção de Culturas da Embrapa Soja começou em 1991, por iniciativa da pesquisadora Mariangela Hungria. Desde então, tem sido fonte de ativos biotecnológicos para o desenvolvimento de diferentes tecnologias, a exemplo da inoculação do milho, do trigo e de pastagens com braquiárias. Em 2014, por exemplo, a Unidade lançou a tecnologia de coinoculação nas sementes de soja e do feijoeiro, que consiste em combinar a inoculação com rizóbios(bactérias fixadoras de nitrogênio) e Azospirillum (bactéria com grande capacidade de síntese de fitormônios), permitindo ampliar o potencial produtivo das plantas.  “Hoje há cerca de 4.500 estirpes armazenadas na Coleção da Embrapa Soja, o que representa um enorme potencial biotecnológico a ser explorado”, comenta a especialista em conservação de microrganismos Ligia Chueire.

A distribuição de estirpes microbianas pela Embrapa Soja para as indústrias de inoculantes teve início em 2018, quando o Mapa homologou a Coleção de Culturas. Segundo Mariangela, que é a curadora da coleção, em 2020 foram enviadas 155 estirpes de bactérias para a produção de inoculantes. “Cada lote de microrganismo fornecido é certificado quanto à espécie de bactéria, identidade da estirpe e eficiência no processo de promoção do crescimento de plantas avaliadas em laboratório, casa de vegetação e a campo, garantindo material genético de qualidade para a produção de bioinsumos”, afirma a pesquisadora.

O pesquisador Marco Antonio Nogueira pontua que todo esse processo é fundamental para garantir que as indústrias tenham acesso a recursos microbianos de alta qualidade. “Somente investindo na qualidade da manufatura será possível entregar produtos comprovadamente eficientes para o agricultor”, destaca. 

 

 

Lebna Landgraf (MTB 2903 /PR)
Embrapa Soja

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