A safra brasileira de trigo deverá totalizar 4,75 milhões de toneladas em 2012/13, recuando 16% na comparação com os 5,656 milhões de toneladas do ano anterior. A estimativa faz parte de novo levantamento divulgado por Safras & Mercado, que aponta ainda uma queda de 13% na área - de 2,187 milhões para 1,903 milhão de hectares - e de 0,5% no rendimento, que ficaria em 2.586 quilos por hectare.
A projeção leva em conta uma quebra na produção no Rio Grande do Sul. De acordo com Safras, os gaúchos devem produzir 2,2 milhões de toneladas na temporada 2012/13, o que corresponde a uma quebra de 16,7% em relação à anterior. Estes números resultam de uma área plantada de 980 mil hectares (+5%) e de uma produtividade média de 2.245 quilogramas/hectare (-20,5%). "Além desta redução da quantidade, é preciso considerar os reflexos qualitativos, que ainda são de difícil mensuração", avalia o analista de SAFRAS, Elcio Bento.
"No Paraná também haverá redução do volume produzido. Porém, o motivo da queda é a redução da área plantada. Os paranaenses plantaram 775 mil hectares do cereal (-27%). Este recuo da área plantada deve-se basicamente à migração para o milho safrinha", completa. Com isso, apesar de um aumento de 19,7% da produtividade média, para 2.723 quilogramas/hectare, o montante produzido pelos triticultores paranaenses é estimado em 2,11 milhões de toneladas. Nas demais regiões produtoras foram plantados 81 mil hectares, que com uma produtividade média de 2.901 quilogramas/hectare, resultou numa produção de 235 mil toneladas.
Oferta & Demanda
Para garantir o abastecimento interno de trigo, Safras & Mercado estima uma necessidade de importação de 7 milhões de toneladas (em grão e farinha equivalente grão). Com isso, a oferta total do cereal no país será de 12,808 milhões de toneladas, recuando 7% em relação aos 13,725 milhões de toneladas do ciclo anterior.
O consumo doméstico (industrial, semente e ração) é estimado em 10,91 milhões de toneladas (+0,4%). As exportações são previstas em 850 mil toneladas (-53%). Com isso, a demanda total do cereal será de 11,76 milhões de toneladas, recuando 7% em relação aos 12,67 milhões da temporada anterior. A subtração da oferta total e demanda, resultará em estoques de 1,048 milhão de toneladas, contra 1,058 milhão de toneladas do ano comercial passado (1%).
"Interessante destacar que nos últimos cinco anos comerciais, mais de 90% das importações brasileiras tiveram como origem nos parceiros do Mercosul, devido às isenções tributárias e vantagens logísticas em relação às demais fontes de abastecimento", informa o analista de SAFRAS, Elcio Bento.
No mesmo período, do total exportado pelos exportadores mercosulinos, o Brasil recebeu apenas 50%. Isso mostra que os parceiros possuem demanda de origens extrabloco. Com a quebra da produção numa das regiões de maior excedente exportável do planeta, o cereal da região seguirá sendo demandado. No ciclo 2012/13 a previsão de exportação brasileira é de 7 milhões de toneladas, o que corresponde a 88% do saldo exportável no Mercosul. Estes números mostram que poderá ser necessária a aquisição em origens extra-Mercosul. Com um frete maior e com a Tarifa Externa Comum (TEC) o custo de importação é maior.