19
jun
2020
Brasil caminha para maior produção de soja, diz consultoria

Embora as perspectivas apontem para preços um pouco maiores em Chicago ao longo do próximo ano
safra influenciado pela expectativa de aumento das exportações americanas para a China, o espaço tende a seguir limitado para altas significativas das cotações.

De acordo com a consultoria Itaú Agro, os estoques mundiais elevados da safra 2019/20 devem se somar a uma grande elevação da produção nos Estados Unidos na esteira do crescimento da área plantada após o choque de produção do ano anterior pelos problemas climáticos e também pela redução da atratividade do milho.

Projeções do USDA indicam um volume produzido pelos produtores norte-americanos de 112 milhões de toneladas na safra 2020/21, alta de 15 milhões de toneladas sobre o ano anterior. Esse cenário atrelado a uma possível normalidade da próxima safra na América do Sul tende a deixar o balanço em níveis confortáveis, mesmo assumindo que o consumo global seguirá crescendo puxado pela recuperação do rebanho chinês após a liquidação de matrizes provocada pela febre suína africana.

Com isso, mesmo que a China volte a comprar mais fortemente dos Estados Unidos, o que pode deixar a relação de oferta e demanda da oleaginosa no mercado local mais apertada, o espaço para grandes saltos das cotações em Chicago é pequeno. Quanto à produção no Brasil, as boas margens apuradas na safra atual aliada aos atrativos níveis de relação de troca que podem ser fixados para a 2020/21 devem superar o ambiente de risco causado pela pandemia e levar a um novo crescimento da área plantada.

Combustível adicional deve vir de alguma migração de área de algodão para a oleaginosa, principalmente na Bahia, e de uma continuidade da expansão da área de soja no estado de São Paulo em substituição à cana.

Em um cenário em que a área produzida aumente 2,4% e o país consiga repetir a produtividade observada em 2019/20 (para o RS foi assumido níveis produtivos da safra 2018/19) a produção do Brasil poderia superar os 131 milhões de toneladas.

No tocante ao prêmio nos portos, que ao longo de 2020 tem oscilado acima das médias históricas, é possível que tenhamos alguma redução no próximo ano. Isso porque parte da demanda chinesa na próxima safra deverá ser suprida pela soja americana frente à assinatura da fase 1 do acordo.

Em maio de 2020 a China já havia começado a contratar soja americana para a próxima safra.

Adicionalmente, por mais que para 2021 esperemos uma recuperação da economia nacional, não podemos desconsiderar os reflexos negativos que a recessão econômica de 2020 poderá ter sobre a taxa de crescimento da demanda interna por óleo e farelo de soja, que é influenciado pelo consumo de alimentos fora de casa e demanda de biodiesel, no caso do primeiro, e pelo aumento da produção de
proteína animal, no segundo. Com isso, a “briga” pela disponibilidade da soja nos portos pode ser inferior à observada esse ano, e, portanto, impactar negativamente o valor dos prêmios. De fato, as cotações do prêmio para a próxima safra já são inferiores às observadas para os embarques desse ano.

Diante desse cenário, o fiel da balança para as cotações em Reais tende a continuar sendo a taxa de câmbio. A combinação entre preço futuro na CBOT, prêmio no porto e câmbio possibilitava a fixação das cotações em patamares pouco abaixo dos praticados no spot no momento de preparo desse material na grande maioria das praças. E isso é uma das razões pelas quais já houve um grande avanço da comercialização para a safra 2020/21 vis-à-vis o que foi observado no mesmo período em anos anteriores (é estimado que 30% da safra brasileira já havia sido comercializada até o fim de maio de 2020). Produtores – margens boas na próxima safra.

As estimativas apontam para um cenário de margens novamente positivas para a safra 2020/21.
Por mais que a desvalorização cambial impacte os custos de produção, a queda dos preços dos insumos em dólares, principalmente no caso dos fertilizantes, atrelada à acomodação de valores de diesel e de mão de obra (baixa inflação) tende a fazer com que o aumento de custos seja moderado em relação à safra 2019/20. Esse cenário combinado aos bons níveis de preços esperados para a próxima safra em função da taxa de câmbio desvalorizada deverá implicar em boa remuneração para o produtor rural no próximo ano.

Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados para garantir os bons níveis de margens. O primeiro deles diz respeito à necessidade de fixar as relações de troca minimizando os riscos que poderiam vir, por exemplo, de um aumento dos custos de insumos diante de uma interrupção da capacidade produtiva face a problemas relacionados à Covid-19.

É importante também que a aquisição de insumos ocorra conjuntamente à fixação do preço da soja para a próxima safra e que seja realizado na mesma moeda com o objetivo de evitar o descasamento cambial. Não se pode descartar também a possibilidade de que ocorram atrasos nas entregas de insumos por problemas que possam afetar fluxo logístico, tanto interno como nos países que são origem para as importações de fertilizantes e de defensivos agrícolas, principalmente. Diante disso, a antecipação das compras em entregas do pacote tecnológico ganha bastante importância para reduzir os riscos de não ter os insumos disponíveis no momento do plantio.

No tocante às vendas antecipadas, é importante estar atento também à qualidade da contraparte com vistas a minimizar possíveis problemas de recebimento da mercadoria que foi previamentecomercializada (preços, prazos, etc.).

Por fim, não se pode perder de vista que devemos atravessar uma das maiores crises econômicas da história e, portanto, é recomendável ser prudente nas decisões de investimento.

Atenção especial deve ser dada à preservação de uma boa posição de caixa. Ter liquidez em momentos de incerteza é um seguro que será essencial caso a crise se prolongue ou se agrave.

Fonte: Agrolink

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