20
nov
2012
Aumenta o controle biológico da soja no PR
Iniciativa do Instituto Emater deve promover até o final do mês a soltura de 60 milhões de vespas para controle de lagartas que atacam as lavouras

O Paraná dá início a um programa pioneiro de controle biológico de lagarta da soja, por meio da soltura de vespas tricogramas nas lavouras. As vespas parasitam os ovos de lagartas que atacam a produção de soja, inclusive a falsa medideira que tem difícil controle com pulverização. Dessa forma, elas impedem o nascimento de novas lagartas. Na segunda-feira (19), o município de Primeiro de Maio (Norte), recebeu técnicos do Instituto Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), para a primeira soltura das vespas na região.

A primeira ação no Paraná foi realizada no início do mês, em Floresta, município próximo de Maringá. A lavoura de 12 hectares está hoje em fase de floração e até agora não precisou receber aplicação de inseticida segundo o Emater. Nesta safra, 580 hectares paranaenses, distribuídos em 51 unidades demonstrativas, devem servir de modelo para aplicação da tecnologia. Estima-se que em todo o Paraná sejam liberadas 60 milhões de vespas nas lavouras de soja. A previsão é de que em novembro todas as demais unidades demonstrativas façam a soltura das vespas.

O coordenador estadual de grãos do Instituto Emater, Nelson Harger, explica que a ação é uma das estratégias técnicas que integra o compromisso do Emater de retomar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e tem o objetivo de evitar a aplicação de inseticidas químicos. Harger lembra que muitas pragas estão desenvolvendo resistência aos produtos químicos, problema que não ocorre com a manutenção de um controle biológico.

''A lavoura fica mais equilibrada em termos de inimigos naturais quando não são aplicados defensivos químicos no início da cultura. Além disso, o controle biológico também preserva o meio ambiente'', argumenta. Na safra 2010/11, a média calculada pelo Emater foi de 4,2 aplicações por hectare de inseticida no Estado. Segundo Harger, a elevação constante desse índice preocupa o Emater. ''Com a técnica (de soltura de vespas), a expectativa é de reduzir pela metade o número de aplicações no Estado'', afirma Harger.

De acordo com o engenheiro agrônomo do Emater, Ildefonso Haas, não há risco de superpopulação das vespas no campo, uma vez que elas deixam de se reproduzir na ausência de ovos de lagarta. ''A permanência de inimigos naturais pode até favorecer o combate ao percevejo da soja'', afirma Haas. Segundo ele, o controle químico da lagarta é amplamente disseminado no Estado, mas sem nenhuma forma de controle, a praga pode causar perdas de até 70% na produção.

Método

As vespas são adquiridas de uma empresa paulista que produz agentes biológicos, ao preço de R$ 20 por hectare em cada aplicação. O cálculo inicial do Emater é de que o custo com o uso dessa tecnologia fique próximo ao do controle químico com inseticidas, que varia de 3% a 6% do custo total de produção. Os produtores interessados podem entrar em contato com escritório do Emater mais próximo para orientações.

A cada 200 metros quadrados, o produtor deve depositar no solo uma célula com as vespas. Em média, são colocadas em campo 100 mil vespas por hectare. Na unidade demonstrativa de Primeiro de Maio aproximadamente 1 milhão de vespas serão liberadas em uma área de 9,6 hectares. O Emater orienta que a soltura das vespas deve ser feita 20 dias após a emergência das plantas. Em uma semana, as vespas completam o ciclo de vida e a indicação é de que entre sete e dez dias após seja feita uma nova soltura. A lavoura é acompanhada semanalmente para verificar a ocorrência de pragas e, se necessário, poderá ser feita uma terceira soltura. Harger ressalta que se o pano de batida mostrar uma incidência grande de lagarta, o produtor poderá fazer a aplicação de inseticida para evitar perdas na safra.

Mariana Fabre


Fonte: Folha Web

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