08
mai
2014
Argentina avalia limite à exportação de trigo
Ministro de Economia disse que embarques só serão liberados após garantia de volume e preço no mercado interno
Para garantir o abastecimento doméstico de trigo, o governo argentino de Cristina Kirchner deve demorar mais que o previsto para autorizar novas cotas para exportação. Embora tenha disponível 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas do cereal para vendas externas, o ministro de Economia, Axel Kicillof, disse ao setor que os embarques só serão liberados após garantia de volume e preço adequado para os argentinos. “Será exportado até o último grão excedente de trigo depois de garantido um preço razoável para o pão dos argentinos”, disse o ministro aos representantes da cadeia de trigo em reunião. Prestes a iniciar a implantação da nova safra 2014/2015, o setor tinha esperanças de que o governo emitiria algum sinal de estímulo por meio da liberação de novos embarques ao exterior.
“Não é fácil mudar o rumo deste governo”, disse o presidente da Associação Argentina de Trigo (Argentrigo), Matías Ferreccio. Ele espera que o governo segure a exportação pelo menos até agosto. Ferreccio lembrou que, no ano passado, os moinhos locais ficaram sem trigo, e o preço interno do produto disparou e chegou a tocar a casa dos US$ 750,00 a tonelada em setembro.
A alta provocou forte impacto no preço dos alimentos em um contexto de inflação anual de 26%. “O governo não quer repetir essa experiência e, pelo jeito, só deve liberar o trigo restante entre outubro e novembro, após garantir o abastecimento interno e quando estiver bem próximo do início da colheita da nova safra”, lamentou Ferreccio.
Mais otimista, Armando Casalinf, da Federação de Silos, acredita que, no máximo, até o fim de maio ou em junho, será autorizada a liberação de mais 500 mil toneladas. “É muito difícil fazer uma previsão de quando vão liberar. Mas creio que, dentro de uns 20 dias, liberarão umas 500 mil, porque não podem deixar para liberar tudo para o ano que vem ou para o final do ano”, disse Casalinf. Segundo ele, “se o Brasil não estiver abastecido, vai buscar trigo de outra origem, e a Argentina não pode perder esse mercado”.
Mesmo sem o estímulo oficial, a área a ser cultivada com o cereal deve ter uma elevação de 18%, a 4,1 milhões de hectares, calculou o analista da consultoria Globaltecnos, Sebastián Salvaro. “Este aumento ocorre especialmente pela própria necessidade do produtor de fazer a rotação de cultivos”, justificou. O mercado estima que a estiagem nos Estados Unidos e o conflito entre Ucrânia e Rússia vão sustentar os preços do cereal. No entanto, o impacto é relativo na Argentina, porque o governo controla as exportações por meio de cotas. A produção deverá ser da ordem de aproximadamente 12 milhões de toneladas. A demanda doméstica é de 6 milhões a 6,5 milhões de toneladas.
O aumento da área plantada com trigo animou o ministro de Economia, que fechou um acordo com o setor para evitar que o preço interno do produto dispare. Os exportadores de grãos se comprometeram a abastecer o mercado diante de qualquer variação que possa ocorrer no valor interno. O acordo existe desde 2009, mas agora foi incluída uma cláusula gatilho que obriga os exportadores a vender aos moinhos 500 mil toneladas pelo preço FAS teórico, calculado a partir do valor FOB (free on board), menos impostos de exportações (retenções) e gastos de comercialização. O valor é publicado diariamente pelo Ministério de Agricultura. A cláusula será disparada em caso de o preço interno superar, durante cinco dias consecutivos, o valor FAS teórico.
No Brasil, grão mostra baixa liquidez
As cotações de trigo em grão no mercado nacional seguem sem grandes alterações, de acordo com informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Com a baixa disponibilidade do produto brasileiro e moinhos abastecidos, a liquidez é baixa. Agentes ainda sinalizam interesse na importação e aguardam a disponibilidade do produto argentino. Já nos Estados Unidos, os preços seguem firmes, com a expectativa de uma produtividade menor neste ano.
Em relação ao cultivo, o plantio segue firme no Paraná, mas no Rio Grande do Sul, ainda não começou. No mercado brasileiro, agora parece haver divergência de interesses entre compradores e vendedores. Enquanto compradores esperam a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) para importação de trigo nos próximos meses, vendedores e produtores temem a comercialização do cereal no segundo semestre a preços menores que o mínimo. A grande produção esperada internamente será motivo de pressão.
Para garantir o abastecimento doméstico de trigo, o governo argentino de Cristina Kirchner deve demorar mais que o previsto para autorizar novas cotas para exportação. Embora tenha disponível 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas do cereal para vendas externas, o ministro de Economia, Axel Kicillof, disse ao setor que os embarques só serão liberados após garantia de volume e preço adequado para os argentinos. “Será exportado até o último grão excedente de trigo depois de garantido um preço razoável para o pão dos argentinos”, disse o ministro aos representantes da cadeia de trigo em reunião. Prestes a iniciar a implantação da nova safra 2014/2015, o setor tinha esperanças de que o governo emitiria algum sinal de estímulo por meio da liberação de novos embarques ao exterior.
“Não é fácil mudar o rumo deste governo”, disse o presidente da Associação Argentina de Trigo (Argentrigo), Matías Ferreccio. Ele espera que o governo segure a exportação pelo menos até agosto. Ferreccio lembrou que, no ano passado, os moinhos locais ficaram sem trigo, e o preço interno do produto disparou e chegou a tocar a casa dos US$ 750,00 a tonelada em setembro.
A alta provocou forte impacto no preço dos alimentos em um contexto de inflação anual de 26%. “O governo não quer repetir essa experiência e, pelo jeito, só deve liberar o trigo restante entre outubro e novembro, após garantir o abastecimento interno e quando estiver bem próximo do início da colheita da nova safra”, lamentou Ferreccio.
Mais otimista, Armando Casalinf, da Federação de Silos, acredita que, no máximo, até o fim de maio ou em junho, será autorizada a liberação de mais 500 mil toneladas. “É muito difícil fazer uma previsão de quando vão liberar. Mas creio que, dentro de uns 20 dias, liberarão umas 500 mil, porque não podem deixar para liberar tudo para o ano que vem ou para o final do ano”, disse Casalinf. Segundo ele, “se o Brasil não estiver abastecido, vai buscar trigo de outra origem, e a Argentina não pode perder esse mercado”.
Mesmo sem o estímulo oficial, a área a ser cultivada com o cereal deve ter uma elevação de 18%, a 4,1 milhões de hectares, calculou o analista da consultoria Globaltecnos, Sebastián Salvaro. “Este aumento ocorre especialmente pela própria necessidade do produtor de fazer a rotação de cultivos”, justificou. O mercado estima que a estiagem nos Estados Unidos e o conflito entre Ucrânia e Rússia vão sustentar os preços do cereal. No entanto, o impacto é relativo na Argentina, porque o governo controla as exportações por meio de cotas. A produção deverá ser da ordem de aproximadamente 12 milhões de toneladas. A demanda doméstica é de 6 milhões a 6,5 milhões de toneladas.
O aumento da área plantada com trigo animou o ministro de Economia, que fechou um acordo com o setor para evitar que o preço interno do produto dispare. Os exportadores de grãos se comprometeram a abastecer o mercado diante de qualquer variação que possa ocorrer no valor interno. O acordo existe desde 2009, mas agora foi incluída uma cláusula gatilho que obriga os exportadores a vender aos moinhos 500 mil toneladas pelo preço FAS teórico, calculado a partir do valor FOB (free on board), menos impostos de exportações (retenções) e gastos de comercialização. O valor é publicado diariamente pelo Ministério de Agricultura. A cláusula será disparada em caso de o preço interno superar, durante cinco dias consecutivos, o valor FAS teórico.
No Brasil, grão mostra baixa liquidez
As cotações de trigo em grão no mercado nacional seguem sem grandes alterações, de acordo com informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Com a baixa disponibilidade do produto brasileiro e moinhos abastecidos, a liquidez é baixa. Agentes ainda sinalizam interesse na importação e aguardam a disponibilidade do produto argentino. Já nos Estados Unidos, os preços seguem firmes, com a expectativa de uma produtividade menor neste ano.
Em relação ao cultivo, o plantio segue firme no Paraná, mas no Rio Grande do Sul, ainda não começou. No mercado brasileiro, agora parece haver divergência de interesses entre compradores e vendedores. Enquanto compradores esperam a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) para importação de trigo nos próximos meses, vendedores e produtores temem a comercialização do cereal no segundo semestre a preços menores que o mínimo. A grande produção esperada internamente será motivo de pressão.
Fonte: Jornal do Comercio - Porto Alegre