19
ago
2015
Área plantada com trigo recua no Sul, mas cresce no Sudoeste e Centro-Oeste

Os percentuais de alteração área plantada com trigo no Brasil para a safra 2015/16 indicam claramente uma tendência: a de uma expansão do plantio de trigo no Centro-Oeste do país, onde a produtividade e a qualidade são maiores e melhores do que no Sul e os riscos, consideravelmente menores.

Com o plantio encerrado, temos os números finais da área plantada no Brasil para a safra 2015/16. A Consultoria Trigo & Farinhas decidiu adotar os números da Conab para a imensa maioria dos estados produtores, com exceção de Minas Gerais, onde obteve informações seguras, vindas de contagem diretamente no campo, que registram uma área de 82 mil hectares plantados, contra os 78 mil hectares divulgados pela empresa estatal, uma expansão de 20,59% neste estado, em relação ao ano anterior, segundo Luiz Carlos Pacheco, analista sênior da Consultoria.

Outro detalhe importante é que também a Consultoria continua não concordando com o número final da safra de trigo de 2014/15 da Conab, de 5,97 milhões de toneladas. Como já demonstrou em seus relatórios de junho e julho passados, utilizando os volumes exportados pelo Rio Grande do Sul, a produção daquele estado não foi de 1,516 milhão de toneladas, mas de 2.359,8 milhões.

Com isto, a safra brasileira de trigo de 2015/16 deverá ter uma área plantada de 2.457,3 mil hectares, cerca de -10,90% a menos do que a do ano anterior, segundo Pacheco. Enquanto a área do Sul, tradicional e ainda maior produtor de trigo do país, teve recuo de -12,35%, passando de 2.604,20 mil hectares para 2.282,7 mil hectares, a expansão da região Sudeste cresceu 13,33%, passando de 130,5 mil hectares para 147,9Mha e a do Centro-Oeste do Brasil cresceu 14,59% nesta temporada, passando de 23,3 mil hectares para 26,7 mil hectares. Como dissemos acima, os números absolutos ainda não são expressivos, mas os percentuais indicam uma tendência, segundo Pacheco. Um estudo feito pela Consultoria Trigo & Farinhas e divulgado pela Bolsa de Comércio de Rosário, na Argentina, em fevereiro último mostra que o potencial de expansão do trigo no Centro-Oeste do Brasil poderá atingir 19,8 mil hectares, com uma produção de até 118 milhões de toneladas um futuro distante.

E por que esta expansão?

A Consultoria Trigo & Farinhas enumera três razões principais: a) maior produtividade: enquanto a produtividade média na região Sul é de 2.795 quilos/hectare, em Minas Gerais ela sobe para 3.020 kg/ha e no Centro-Oeste, para 4.160 kg/ha, atingindo a média de 5.950 kg/ha em Goiás. A título de comparação, a produtividade na Argentina deverá ser de 3.000 kg/ha nesta safra e a da França, maior produtora da Europa, de 5.218 kg/ha; b) maior proximidade dos principais mercados consumidores: enquanto as farinhas produzidas no Rio Grande do Sul precisam viajar cerca de 1.700 km para chegar aos grandes compradores de Minas Gerais ou 3.500 km para os da Bahia, os produtores de Minas Gerais ou de Goiás os tem praticamente no quintal de casa; c) maior lucratividade: com produtividade maior, os custos de produção são proporcionalmente menores (embora haja o custo da irrigação, que não existe no Sul, mas que, por outro lado, garante a produção e a produtividade, garantias que não existem no Sul) e a proximidade dos mercados compradores, que permite aos moinhos oferecer um preço melhor na compra do grão: enquanto no Paraná, os preços dos moinhos neste início de safra é de R$ 600,00/tonelada, em Minas Gerais já houve negócios a R$ 650,00/tonelada para safra nova, segundo Luiz Carlos Pacheco.

Mesmo assim, com a produtividade maior e a maior proximidade dos mercados consumidores deverá provocar preços menores para o consumidor final.

 

Fonte: Agrolink

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