21
set
2010
Analistas mantêm previsões para soja do Brasil apesar de La Niña
Um início tardio do plantio da nova safra de soja do Brasil em relação à temporada passada, com o tempo seco que predomina nas principais regiões produtoras, ainda não é fator suficientemente forte para que especialistas mudem as suas previsões de produção da oleaginosa.
Com a atuação do fenômeno La Niña neste ano, as chuvas provavelmente ocorrerão somente em outubro no Centro-Oeste, principal região produtora de soja do país, impedindo que alguns agricultores já iniciem o plantio da nova safra em meados de setembro, como ocorreu em 2009/10.
O La Niña pode trazer também um clima mais seco do que o normal para o Sul do Brasil durante o verão, o que pode afetar a produtividade. Mas boa parte das consultorias já previa um rendimento agrícola menor em 10/11, em relação aos níveis recordes de 09/10, quando o El Niño trouxe chuvas abundantes para as safras de grãos.
"Não vemos alteração de área plantada por conta de atraso das chuvas, isso não", afirmou o diretor da Agroconsult, André Pessoa. "Era esperado um ano de clima mais irregular, sobretudo no Sul do país", acrescentou ele, lembrando que no Centro-Oeste, quando as chuvas se regularizam, elas ocorrem em bons volumes.
Segundo Pessoa, a Agroconsult manteve a sua estimativa de um plantio recorde de 24 milhões de hectares para 10/11. Mas a consultoria não previu produtividade média para a nova safra, já antevendo a irregularidade das chuvas.
Por ora, Pessoa acredita que um plantio tardio traz um período mais extenso de risco climático, que tem sido agora contabilizado pelo mercado de Chicago, referência global para a soja.
"É lógico, vai atrasando, estende o prazo de risco. Permanece o risco climático sobre as cotações por mais tempo. Quando isso se regularizar, parte do risco se dissipa", ponderou.
O Centro-Oeste, que produziu 45 por cento da safra brasileira 09/10 estimada em recorde de 68,7 milhões de toneladas, só deve receber chuvas a partir de outubro, segundo meteorologistas.
MAIOR ÁREA, MENOR PRODUÇÃO
Considerando os efeitos do La Niña, a consultoria AgraFNP, desde a sua primeira previsão, já considerava uma redução na produtividade, que afetaria o tamanho da safra.
A AgraFNP, divisão brasileira do grupo Informa, prevê produção de 66,6 milhões de toneladas para 10/11, 2 milhões a menos do que em 09/10, apesar do crescimento de área.
Uma safra menor ocorreria principalmente pelos veranicos esperados no Sul (responsável por 37 por cento da safra brasileira) em anos de La Niña. Mas o atraso no plantio do Centro-Oeste pode gerar problemas adicionais, mesmo que as chuvas se regularizem posteriormente.
"O produtor pode ser obrigado a mudar a estratégia pelo atraso. Se ele tinha uma semente de soja precoce, ou ele troca (por uma de ciclo tardio, ou ele planta uma semente não tão adequada às condições, e isso se reflete na produtividade lá na frente", disse a analista da AgraFNP Jacqueline Bierhals.
Outro analista, da Agência Rural, contemporiza a situação dizendo que o atraso das primeiras semeaduras em Mato Grosso, o principal produtor brasileiro, não é tão grave, considerando que a maior parte do plantio no Estado ocorre em outubro.
Dados da Agência Rural mostraram que nesta época, no ano passado, quando o plantio começou cedo historicamente, o Estado havia plantado 3 por cento da área estimada.
"O pessoal está mais preocupado com perspectiva de até quando o tempo seco vai durar", declarou Eduardo Godoi, da Agência Rural em Cuiabá (MT).
O Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), órgão ligado aos produtores, reforçou a sensação de que a situação ainda não é de alarme no Centro-Oeste.
"Apesar das chuvas serem mais tardias neste ciclo, ainda não chega a ser preocupante, uma vez que os maquinários estão cada vez mais eficientes e os produtores, preparados", informou o órgão nesta segunda-feira (20) em boletim semanal.
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Com a atuação do fenômeno La Niña neste ano, as chuvas provavelmente ocorrerão somente em outubro no Centro-Oeste, principal região produtora de soja do país, impedindo que alguns agricultores já iniciem o plantio da nova safra em meados de setembro, como ocorreu em 2009/10.
O La Niña pode trazer também um clima mais seco do que o normal para o Sul do Brasil durante o verão, o que pode afetar a produtividade. Mas boa parte das consultorias já previa um rendimento agrícola menor em 10/11, em relação aos níveis recordes de 09/10, quando o El Niño trouxe chuvas abundantes para as safras de grãos.
"Não vemos alteração de área plantada por conta de atraso das chuvas, isso não", afirmou o diretor da Agroconsult, André Pessoa. "Era esperado um ano de clima mais irregular, sobretudo no Sul do país", acrescentou ele, lembrando que no Centro-Oeste, quando as chuvas se regularizam, elas ocorrem em bons volumes.
Segundo Pessoa, a Agroconsult manteve a sua estimativa de um plantio recorde de 24 milhões de hectares para 10/11. Mas a consultoria não previu produtividade média para a nova safra, já antevendo a irregularidade das chuvas.
Por ora, Pessoa acredita que um plantio tardio traz um período mais extenso de risco climático, que tem sido agora contabilizado pelo mercado de Chicago, referência global para a soja.
"É lógico, vai atrasando, estende o prazo de risco. Permanece o risco climático sobre as cotações por mais tempo. Quando isso se regularizar, parte do risco se dissipa", ponderou.
O Centro-Oeste, que produziu 45 por cento da safra brasileira 09/10 estimada em recorde de 68,7 milhões de toneladas, só deve receber chuvas a partir de outubro, segundo meteorologistas.
MAIOR ÁREA, MENOR PRODUÇÃO
Considerando os efeitos do La Niña, a consultoria AgraFNP, desde a sua primeira previsão, já considerava uma redução na produtividade, que afetaria o tamanho da safra.
A AgraFNP, divisão brasileira do grupo Informa, prevê produção de 66,6 milhões de toneladas para 10/11, 2 milhões a menos do que em 09/10, apesar do crescimento de área.
Uma safra menor ocorreria principalmente pelos veranicos esperados no Sul (responsável por 37 por cento da safra brasileira) em anos de La Niña. Mas o atraso no plantio do Centro-Oeste pode gerar problemas adicionais, mesmo que as chuvas se regularizem posteriormente.
"O produtor pode ser obrigado a mudar a estratégia pelo atraso. Se ele tinha uma semente de soja precoce, ou ele troca (por uma de ciclo tardio, ou ele planta uma semente não tão adequada às condições, e isso se reflete na produtividade lá na frente", disse a analista da AgraFNP Jacqueline Bierhals.
Outro analista, da Agência Rural, contemporiza a situação dizendo que o atraso das primeiras semeaduras em Mato Grosso, o principal produtor brasileiro, não é tão grave, considerando que a maior parte do plantio no Estado ocorre em outubro.
Dados da Agência Rural mostraram que nesta época, no ano passado, quando o plantio começou cedo historicamente, o Estado havia plantado 3 por cento da área estimada.
"O pessoal está mais preocupado com perspectiva de até quando o tempo seco vai durar", declarou Eduardo Godoi, da Agência Rural em Cuiabá (MT).
O Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), órgão ligado aos produtores, reforçou a sensação de que a situação ainda não é de alarme no Centro-Oeste.
"Apesar das chuvas serem mais tardias neste ciclo, ainda não chega a ser preocupante, uma vez que os maquinários estão cada vez mais eficientes e os produtores, preparados", informou o órgão nesta segunda-feira (20) em boletim semanal.