19
dez
2011
Análise semanal do mercao da soja
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum1
Emerson Juliano Lucca2
Comentários referentes ao período entre 09/12 a 15/12/2011
As cotações da soja, em Chicago, voltaram a recuar durante a última semana, na esteira do relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no último dia 09/12. Além disso, a valorização do dólar no mercado mundial, em função da continuidade da crise econômica global e a falta de certeza quanto aos resultados das últimas decisões tomadas pela União Europeia, a respeito, completaram o quadro baixista. Nesse momento, além de ajustes técnicos, o único elemento que pode alterar para cima Chicago seria o prolongamento da seca que, por enquanto, atinge apenas grande parte das lavouras do Rio Grande do Sul.
Desta forma, o fechamento desta quinta-feira (15) ficou em US$ 11,11/bushel, após US$ 11,00 na véspera e US$ 11,32/bushel uma semana antes. É bom lembrar que no início de setembro, portanto há três meses, o bushel da soja chegou a estar a US$ 14,36. Além disso, no ano passado, em meados de dezembro, o valor do mesmo era de US$ 12,96, considerando o primeiro mês cotado. Por enquanto, o mercado encontra resistência em romper com o piso de US$ 11,00/bushel, mas faz algum tempo que ele vem testando o mesmo.
E o relatório do USDA acabou ajudando a forçar as baixas, já que confirmou a safra dos EUA em 82,9 milhões de toneladas, porém, reduziu o esmagamento interno e as exportações deste país, fato que levou a um aumento, até surpreendente, nos estoques finais para 2011/12. Os mesmos agora estão projetados em 6,26 milhões de toneladas, após 5,3 milhões em novembro e 5,85 milhões estimados para a safra anterior. Com isso, o parâmetro de preços médios, aos produtores estadunidenses, para o atual ano comercial, se reduziu em quase um dólar por bushel, se estabelecendo entre US$ 10,70 e US$ 12,70/bushel, após a média de US$ 11,30 um ano antes e US$ 9,59/bushel em 2009/10.
Em termos mundiais, o relatório aumentou a produção global para 259,2 milhões de toneladas, com estoques finais alcançando 64,5 milhões para 2011/12. A produção brasileira continua projetada em 75 milhões de toneladas, enquanto a argentina ficaria em 52 milhões. As importações chinesas em grãos de soja permanecem projetadas em 56,5 milhões de toneladas. Vale destacar ainda que os estoques mundiais de farelo de soja foram reduzidos em 500.000 toneladas, ficando agora projetados em 8,28 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, os estoques de óleo de soja no mundo crescem para 2,64 milhões de toneladas, ganhando pouco mais de 200.000 toneladas em relação ao mês de novembro.
Mesmo assim, os operadores em Chicago julgam que o mercado está sobrevendido, fato que leva a crer num ajuste para cima nas cotações na medida em que as compras retomarem. Resta esperar que haja motivos consistentes para isso.
Paralelamente, os embarques semanais de soja, pelos EUA, na semana encerrada em 08/12, chegaram a 809.600 toneladas, acumulando desde setembro um total de 12,5 milhões de toneladas, contra 18,7 milhões em igual período do ano anterior. Ou seja, as vendas externas estadunidenses continuam em dificuldades. Dito isso, um ponto positivo veio do esmagamento dos EUA em novembro, com o volume se fixando em 3,84 milhões de toneladas, após 3,84 milhões em outubro e 4,05 milhões em novembro/10. O mercado cogitava um volume um pouco menor do que esse.
Entretanto, pelo lado da demanda, as importações da China estão projetadas em 5,43 milhões de toneladas para dezembro. Ora, se tais números forem confirmados, as compras totais no ano, por parte da China, ficarão em apenas 52 milhões de toneladas ou 5,1% abaixo do registrado no ano anterior.
Pelo lado da Argentina, a comercialização da soja, referente a safra 2010/11, chegou a 91% do total colhido que é de 49,5 milhões de toneladas, segundo o Ministério da Agricultura local. Por sua vez, o plantio da nova safra de soja, em meados de dezembro, chegava a 73% da área estimada, contra 67% na mesma época do ano anterior. O vizinho país deverá plantar 19,04 milhões de hectares de soja neste ano 2011/12.
Enfim, os prêmios nos diferentes portos de embarque da soja, para janeiro/12, ficaram entre 58 e 72 centavos de dólar por bushel no Golfo do México (EUA); entre 60 e 89 centavos em Rosário (Argentina), e entre 80 centavos e US$ 1,30 por bushel nos portos brasileiros.
No mercado brasileiro, os preços da soja voltaram a recuar, mesmo que o retorno da desvalorização do Real tenha levado a moeda brasileira para R$ 1,88 no final desta semana. Assim, a média no balcão gaúcho ficou em R$ 40,14/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 45,26 e R$ 45,70/saco. Nas demais praças do país, os lotes variaram entre R$ 38,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 45,00/saco no oeste e norte do Paraná. Já na BM&F/Bovespa, o contrato maio/12 fechou em US$ 25,40/saco.
Nas condições médias de prêmio e descontos, levando-se em consideração o atual fechamento em Chicago e mais a projeção cambial de R$ 1,70 para aquela oportunidade, o preço da soja tenderia a R$ 36,00/saco no mercado de balcão gaúcho em maio/12, em caso de safra normal. A um câmbio de R$ 1,90 na oportunidade, o preço subiria para R$ 40,50/saco. A grande questão é esperar que Chicago não recue mais nos próximos meses.Quanto ao plantio brasileiro, até o dia 09/12 o mesmo atingia a 98% da área, sendo 96% no Rio Grande do Sul, 99% em Goiás e 94% em Minas Gerais, com o restante do país praticamente já tendo concluído o mesmo. A área total projetada é de 24,84 milhões de hectares e a produção final, embora já em parte comprometida no Rio Grande do Sul, ainda projetada em 75,3 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado)
Por outro lado, entre janeiro e novembro a China comprou 21,2 milhões de toneladas de soja em grão, contra 19,06 milhões em igual período de 2010, fato que indica um aumento de 11,2% em favor do produto brasileiro.
Enfim, quanto aos preços futuros, no Paraná não houve movimentação, enquanto no Rio Grande do Sul a safra nova ficou em R$ 46,50/saco para maio. No Mato Grosso igualmente não houve indicações de preço futuro, assim como no Mato Grosso do Sul. Em Goiás, a mesma atingiu a US$ 21,30/saco para março enquanto na região do Distrito Federal o preço ficou em R$ 37,00/saco para abril. Em Minas Gerais, a safra nova atingiu a R$ 41,00/saco para abril, enquanto em Santa Catarina não houve movimentação. Na Bahia e no Maranhão a safra nova, para maio, ficou respectivamente em R$ 40,00 e US$ 20,00/saco. Como se nota, os preços paulatinamente vêm baixando na medida em que se aproxima o período de colheita.
Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
Volte para a Listagem
Emerson Juliano Lucca2
Comentários referentes ao período entre 09/12 a 15/12/2011
As cotações da soja, em Chicago, voltaram a recuar durante a última semana, na esteira do relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no último dia 09/12. Além disso, a valorização do dólar no mercado mundial, em função da continuidade da crise econômica global e a falta de certeza quanto aos resultados das últimas decisões tomadas pela União Europeia, a respeito, completaram o quadro baixista. Nesse momento, além de ajustes técnicos, o único elemento que pode alterar para cima Chicago seria o prolongamento da seca que, por enquanto, atinge apenas grande parte das lavouras do Rio Grande do Sul.
Desta forma, o fechamento desta quinta-feira (15) ficou em US$ 11,11/bushel, após US$ 11,00 na véspera e US$ 11,32/bushel uma semana antes. É bom lembrar que no início de setembro, portanto há três meses, o bushel da soja chegou a estar a US$ 14,36. Além disso, no ano passado, em meados de dezembro, o valor do mesmo era de US$ 12,96, considerando o primeiro mês cotado. Por enquanto, o mercado encontra resistência em romper com o piso de US$ 11,00/bushel, mas faz algum tempo que ele vem testando o mesmo.
E o relatório do USDA acabou ajudando a forçar as baixas, já que confirmou a safra dos EUA em 82,9 milhões de toneladas, porém, reduziu o esmagamento interno e as exportações deste país, fato que levou a um aumento, até surpreendente, nos estoques finais para 2011/12. Os mesmos agora estão projetados em 6,26 milhões de toneladas, após 5,3 milhões em novembro e 5,85 milhões estimados para a safra anterior. Com isso, o parâmetro de preços médios, aos produtores estadunidenses, para o atual ano comercial, se reduziu em quase um dólar por bushel, se estabelecendo entre US$ 10,70 e US$ 12,70/bushel, após a média de US$ 11,30 um ano antes e US$ 9,59/bushel em 2009/10.
Em termos mundiais, o relatório aumentou a produção global para 259,2 milhões de toneladas, com estoques finais alcançando 64,5 milhões para 2011/12. A produção brasileira continua projetada em 75 milhões de toneladas, enquanto a argentina ficaria em 52 milhões. As importações chinesas em grãos de soja permanecem projetadas em 56,5 milhões de toneladas. Vale destacar ainda que os estoques mundiais de farelo de soja foram reduzidos em 500.000 toneladas, ficando agora projetados em 8,28 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, os estoques de óleo de soja no mundo crescem para 2,64 milhões de toneladas, ganhando pouco mais de 200.000 toneladas em relação ao mês de novembro.
Mesmo assim, os operadores em Chicago julgam que o mercado está sobrevendido, fato que leva a crer num ajuste para cima nas cotações na medida em que as compras retomarem. Resta esperar que haja motivos consistentes para isso.
Paralelamente, os embarques semanais de soja, pelos EUA, na semana encerrada em 08/12, chegaram a 809.600 toneladas, acumulando desde setembro um total de 12,5 milhões de toneladas, contra 18,7 milhões em igual período do ano anterior. Ou seja, as vendas externas estadunidenses continuam em dificuldades. Dito isso, um ponto positivo veio do esmagamento dos EUA em novembro, com o volume se fixando em 3,84 milhões de toneladas, após 3,84 milhões em outubro e 4,05 milhões em novembro/10. O mercado cogitava um volume um pouco menor do que esse.
Entretanto, pelo lado da demanda, as importações da China estão projetadas em 5,43 milhões de toneladas para dezembro. Ora, se tais números forem confirmados, as compras totais no ano, por parte da China, ficarão em apenas 52 milhões de toneladas ou 5,1% abaixo do registrado no ano anterior.
Pelo lado da Argentina, a comercialização da soja, referente a safra 2010/11, chegou a 91% do total colhido que é de 49,5 milhões de toneladas, segundo o Ministério da Agricultura local. Por sua vez, o plantio da nova safra de soja, em meados de dezembro, chegava a 73% da área estimada, contra 67% na mesma época do ano anterior. O vizinho país deverá plantar 19,04 milhões de hectares de soja neste ano 2011/12.
Enfim, os prêmios nos diferentes portos de embarque da soja, para janeiro/12, ficaram entre 58 e 72 centavos de dólar por bushel no Golfo do México (EUA); entre 60 e 89 centavos em Rosário (Argentina), e entre 80 centavos e US$ 1,30 por bushel nos portos brasileiros.
No mercado brasileiro, os preços da soja voltaram a recuar, mesmo que o retorno da desvalorização do Real tenha levado a moeda brasileira para R$ 1,88 no final desta semana. Assim, a média no balcão gaúcho ficou em R$ 40,14/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 45,26 e R$ 45,70/saco. Nas demais praças do país, os lotes variaram entre R$ 38,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 45,00/saco no oeste e norte do Paraná. Já na BM&F/Bovespa, o contrato maio/12 fechou em US$ 25,40/saco.
Nas condições médias de prêmio e descontos, levando-se em consideração o atual fechamento em Chicago e mais a projeção cambial de R$ 1,70 para aquela oportunidade, o preço da soja tenderia a R$ 36,00/saco no mercado de balcão gaúcho em maio/12, em caso de safra normal. A um câmbio de R$ 1,90 na oportunidade, o preço subiria para R$ 40,50/saco. A grande questão é esperar que Chicago não recue mais nos próximos meses.Quanto ao plantio brasileiro, até o dia 09/12 o mesmo atingia a 98% da área, sendo 96% no Rio Grande do Sul, 99% em Goiás e 94% em Minas Gerais, com o restante do país praticamente já tendo concluído o mesmo. A área total projetada é de 24,84 milhões de hectares e a produção final, embora já em parte comprometida no Rio Grande do Sul, ainda projetada em 75,3 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado)
Por outro lado, entre janeiro e novembro a China comprou 21,2 milhões de toneladas de soja em grão, contra 19,06 milhões em igual período de 2010, fato que indica um aumento de 11,2% em favor do produto brasileiro.
Enfim, quanto aos preços futuros, no Paraná não houve movimentação, enquanto no Rio Grande do Sul a safra nova ficou em R$ 46,50/saco para maio. No Mato Grosso igualmente não houve indicações de preço futuro, assim como no Mato Grosso do Sul. Em Goiás, a mesma atingiu a US$ 21,30/saco para março enquanto na região do Distrito Federal o preço ficou em R$ 37,00/saco para abril. Em Minas Gerais, a safra nova atingiu a R$ 41,00/saco para abril, enquanto em Santa Catarina não houve movimentação. Na Bahia e no Maranhão a safra nova, para maio, ficou respectivamente em R$ 40,00 e US$ 20,00/saco. Como se nota, os preços paulatinamente vêm baixando na medida em que se aproxima o período de colheita.
Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.