14
ago
2012
América do Sul tem missão de recompor estoque de soja
Brasil, Argentina e Paraguai devem exportar 56,4 milhões de toneladas de soja em 2012/13, - 60% do total vendido no mundo
Cassiano Ribeiro
O Brasil está prestes a se tornar o maior produtor mundial de soja e a assumir a liderança na exportação do produto diante dos Estados Unidos. Na exportação, o posto foi alcançado uma única vez, em 2005/06, e perdido por pouco na última temporada. A previsão que parte do próprio Departamento de Agricultura dos EUA, o Usda, é que a colheita brasileira de soja 2012/13 passe de 80 milhões de toneladas e as exportações atinjam 37 milhões (t), com vantagens de 10% e 20% sobre as marcas norte-americanas. As mudanças no mercado vão além dessa comparação. O trio sul-americano da soja, composto por Brasil, Argentina e Paraguai, deve assumir de vez a liderança no mercado da commodity.
A safra dos três países em 2012/13, com plantio em a partir de setembro, deve ultrapassar pela primeira vez a marca de 135 milhões de toneladas, contra 110,5 colhidas no ano passado, apontou o Usda, em um de seus mais importantes relatórios de oferta e demanda do ano, divulgado sexta-feira. O incentivo a essa produção vem dos preços das commodities agrícolas, que, por sua vez, são sustentados na seca histórica vivida pelos norte-americanos.
A quebra climática faz os Estados Unidos perderem participação no fornecimento de soja num momento de crescimento da demanda internacional. Das 94 milhões de toneladas a serem exportadas, 56,4 milhões de toneladas devem sair da América do Sul, o equivalente a 60% do abastecimento total. No ano passado, a marca foi de 52%.
Os estoques estão em patamares considerados muito baixos. Nos EUA, são suficientes para 15 dias de consumo. Em âmbito internacional, 76 dias. Daí a previsão de que serão necessárias três safras para um reequilíbrio do quadro.
A produção prevista para o Brasil é recorde e parte de previsões privadas internas. Para isso, cada estado brasileiro terá de ampliar a área plantada e a produtividade.
O Rio Grande do Sul, por exemplo, cogita substituir o arroz por soja em áreas tradicionalmente alagadas. “Eu fui para lá e não acreditei no que vi. O pessoal vai diminuir área plantada em uns 10% e vai plantar soja no banhado. E não é pouco, é coisa de 50 mil hectares”, estima Eugênio Stefanelo, técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná.
Em Mato Grosso, maior sojicultor brasileiro, é o algodão que deve ceder espaço para a oleaginosa no campo. No Paraná, o feijão terá dificuldade para recuperar área no próximo ciclo.
Comercialização
Conforme aumenta a produção e os preços de grãos no Brasil, mais antecipadas ocorrem as vendas da safra. No Paraná, estado conservador nessa modalidade, os agricultores comprometeram cerca de 40% da colheita, que começa em janeiro do próximo ano. Normalmente, os paranaenses vendem menos de um terço durante a época de semeadura, que começa em setembro.
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Cassiano Ribeiro
O Brasil está prestes a se tornar o maior produtor mundial de soja e a assumir a liderança na exportação do produto diante dos Estados Unidos. Na exportação, o posto foi alcançado uma única vez, em 2005/06, e perdido por pouco na última temporada. A previsão que parte do próprio Departamento de Agricultura dos EUA, o Usda, é que a colheita brasileira de soja 2012/13 passe de 80 milhões de toneladas e as exportações atinjam 37 milhões (t), com vantagens de 10% e 20% sobre as marcas norte-americanas. As mudanças no mercado vão além dessa comparação. O trio sul-americano da soja, composto por Brasil, Argentina e Paraguai, deve assumir de vez a liderança no mercado da commodity.
A safra dos três países em 2012/13, com plantio em a partir de setembro, deve ultrapassar pela primeira vez a marca de 135 milhões de toneladas, contra 110,5 colhidas no ano passado, apontou o Usda, em um de seus mais importantes relatórios de oferta e demanda do ano, divulgado sexta-feira. O incentivo a essa produção vem dos preços das commodities agrícolas, que, por sua vez, são sustentados na seca histórica vivida pelos norte-americanos.
A quebra climática faz os Estados Unidos perderem participação no fornecimento de soja num momento de crescimento da demanda internacional. Das 94 milhões de toneladas a serem exportadas, 56,4 milhões de toneladas devem sair da América do Sul, o equivalente a 60% do abastecimento total. No ano passado, a marca foi de 52%.
Os estoques estão em patamares considerados muito baixos. Nos EUA, são suficientes para 15 dias de consumo. Em âmbito internacional, 76 dias. Daí a previsão de que serão necessárias três safras para um reequilíbrio do quadro.
A produção prevista para o Brasil é recorde e parte de previsões privadas internas. Para isso, cada estado brasileiro terá de ampliar a área plantada e a produtividade.
O Rio Grande do Sul, por exemplo, cogita substituir o arroz por soja em áreas tradicionalmente alagadas. “Eu fui para lá e não acreditei no que vi. O pessoal vai diminuir área plantada em uns 10% e vai plantar soja no banhado. E não é pouco, é coisa de 50 mil hectares”, estima Eugênio Stefanelo, técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná.
Em Mato Grosso, maior sojicultor brasileiro, é o algodão que deve ceder espaço para a oleaginosa no campo. No Paraná, o feijão terá dificuldade para recuperar área no próximo ciclo.
Comercialização
Conforme aumenta a produção e os preços de grãos no Brasil, mais antecipadas ocorrem as vendas da safra. No Paraná, estado conservador nessa modalidade, os agricultores comprometeram cerca de 40% da colheita, que começa em janeiro do próximo ano. Normalmente, os paranaenses vendem menos de um terço durante a época de semeadura, que começa em setembro.