17
fev
2014
Altas temperaturas ‘aterrorizam’ sojicultores do Paraná
Quem plantou cultivares precoces poderá escapar dos prejuízos do calor, mas a maioria que optou por plantar em outubro sofrerá grandes perdas
Na base do pé de soja, o termômetro digital é implacável e marca 50º C. O produtor, com o suor descendo pelo rosto, franze a testa e questiona: "O vamos fazer nesse momento? Vamos perder quase tudo". A história não é só de um sojicultor do Paraná, mas de muitos outros sojicultores brasileiros que estão passando por esse triste enredo neste fevereiro de 2014. As altas temperaturas e baixa umidade estão, literalmente, ‘‘matando’’ toda a soja que o produtor cultivou desde outubro do ano passado. Quem plantou cultivares precoces em setembro conseguiu escapar da situação, mas a grande maioria que optou por plantar em meados de outubro irá sofrer grandes prejuízos.
Os últimos números divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura (seab) já caíram por terra há algumas semanas. Impossível pensar em supersafra - que no dia 3 de fevereiro estava estimada em 16,4 milhões de toneladas – em um momento em que diversos produtores, principalmente na região Norte do Estado, calculam perdas que podem chegar a 80%, 90% ou até 100%, dependendo da localidade. Na região Oeste, onde o produtor planta mais cedo, a dificuldade é no milho safrinha, que foi cultivado sem nenhuma chuva à vista, está crescendo e tendo as primeiras folhas queimadas. Os números sobre a redução na produtividade estadual estão sendo levantados pelos técnicos do Deral e devem ser divulgados no dia 25 deste mês.
De acordo com a engenheira agrônoma do Deral Juliana Tieme Yagushi, o pico de plantio da oleaginosa foi em outubro e por isso a preocupação é grande. A soja em fase de enchimento de grãos demanda mais água e umidade. "Nesta temperatura, a planta, como se estivesse num alerta de sobrevivência, encurta o ciclo, o que acaba diminuindo a produtividade", explica ela.
O consultor Rafael Ribeiro de Lima Filho, da Scot Consultoria, especialista na oleaginosa, salienta que a quebra não será forte apenas no Paraná. Outros estados como Rio Grande do Sul e São Paulo também devem registrar quedas fortes de produtividade, podendo variar até 20%. "No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul choveu no início do plantio e também há muitas sojas precoces com bons resultados. Mesmo assim, a situação é preocupante e dificilmente vamos chegar nas 90 milhões de toneladas de soja no País."
Ele explica ainda que o clima quente e seco de longa duração já tem influenciado nos valores de mercado da soja. Segundo Ribeiro, os preços pararam de cair há algumas semanas. "O mercado já está atento ao que pode acontecer. Existe uma previsão de chuvas a partir dos dias 17 ou 18, mas até lá as perdas podem ser ainda maiores", projeta.
Safrinha
O calor que assola as áreas de soja agora também influenciam o milho safrinha. Isso porque muitos produtores podem segurar o plantio do grão, perdendo a janela ideal dentro do zoneamento agrícola. "Quanto mais se demora para plantar, maior o risco lá na frente do milho enfrentar uma geada. Se todos plantarem no mesmo momento, e não em fases variadas, aumenta a possibilidade de todo o grão ficar numa mesma fase de risco e comprometido no mesmo intervalo", comenta Juliana Yagushi, do Deral.
O consultor Rafael Ribeiro reforça que em algumas praças o preço da saca de milho já subiu pelo menos 5%. "Muitos estão arriscando e segurando o plantio. Eles podem sofrer dificuldades tanto pelo risco de geada como a falta de luminosidade", completa.
Victor Lopes
Na base do pé de soja, o termômetro digital é implacável e marca 50º C. O produtor, com o suor descendo pelo rosto, franze a testa e questiona: "O vamos fazer nesse momento? Vamos perder quase tudo". A história não é só de um sojicultor do Paraná, mas de muitos outros sojicultores brasileiros que estão passando por esse triste enredo neste fevereiro de 2014. As altas temperaturas e baixa umidade estão, literalmente, ‘‘matando’’ toda a soja que o produtor cultivou desde outubro do ano passado. Quem plantou cultivares precoces em setembro conseguiu escapar da situação, mas a grande maioria que optou por plantar em meados de outubro irá sofrer grandes prejuízos.
Os últimos números divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura (seab) já caíram por terra há algumas semanas. Impossível pensar em supersafra - que no dia 3 de fevereiro estava estimada em 16,4 milhões de toneladas – em um momento em que diversos produtores, principalmente na região Norte do Estado, calculam perdas que podem chegar a 80%, 90% ou até 100%, dependendo da localidade. Na região Oeste, onde o produtor planta mais cedo, a dificuldade é no milho safrinha, que foi cultivado sem nenhuma chuva à vista, está crescendo e tendo as primeiras folhas queimadas. Os números sobre a redução na produtividade estadual estão sendo levantados pelos técnicos do Deral e devem ser divulgados no dia 25 deste mês.
De acordo com a engenheira agrônoma do Deral Juliana Tieme Yagushi, o pico de plantio da oleaginosa foi em outubro e por isso a preocupação é grande. A soja em fase de enchimento de grãos demanda mais água e umidade. "Nesta temperatura, a planta, como se estivesse num alerta de sobrevivência, encurta o ciclo, o que acaba diminuindo a produtividade", explica ela.
O consultor Rafael Ribeiro de Lima Filho, da Scot Consultoria, especialista na oleaginosa, salienta que a quebra não será forte apenas no Paraná. Outros estados como Rio Grande do Sul e São Paulo também devem registrar quedas fortes de produtividade, podendo variar até 20%. "No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul choveu no início do plantio e também há muitas sojas precoces com bons resultados. Mesmo assim, a situação é preocupante e dificilmente vamos chegar nas 90 milhões de toneladas de soja no País."
Ele explica ainda que o clima quente e seco de longa duração já tem influenciado nos valores de mercado da soja. Segundo Ribeiro, os preços pararam de cair há algumas semanas. "O mercado já está atento ao que pode acontecer. Existe uma previsão de chuvas a partir dos dias 17 ou 18, mas até lá as perdas podem ser ainda maiores", projeta.
Safrinha
O calor que assola as áreas de soja agora também influenciam o milho safrinha. Isso porque muitos produtores podem segurar o plantio do grão, perdendo a janela ideal dentro do zoneamento agrícola. "Quanto mais se demora para plantar, maior o risco lá na frente do milho enfrentar uma geada. Se todos plantarem no mesmo momento, e não em fases variadas, aumenta a possibilidade de todo o grão ficar numa mesma fase de risco e comprometido no mesmo intervalo", comenta Juliana Yagushi, do Deral.
O consultor Rafael Ribeiro reforça que em algumas praças o preço da saca de milho já subiu pelo menos 5%. "Muitos estão arriscando e segurando o plantio. Eles podem sofrer dificuldades tanto pelo risco de geada como a falta de luminosidade", completa.
Victor Lopes
Fonte: Folha Web