11
jul
2022
A cultura de trigo traz produtividade e benefícios agronômicos

Tendência é que a safra nacional atinja produção recorde em 2022 e também é excelente opção para a rotação de culturas

Aquele produtor que só tinha olhos para o milho segunda safra, aposta agora no trigo que, diante do atual cenário internacional de menor disponibilidade de oferta, potencializado pelo conflito na Ucrânia, teve um incremento nos preços. A exemplo de 2021, a tendência é que a área aumente e a safra nacional de trigo atinja produção recorde em 2022. 

Isto porque, mais do que um cenário econômico favorável, o produtor rural tem ao seu dispor as melhores tecnologias geradas pela pesquisa, principalmente no desenvolvimento de cultivares mais adaptadas às diversas condições de cultivo, que tem propiciado a obtenção de ganhos na produtividade de grãos e na qualidade tecnológica do cereal. 

Entram neste rol cultivares lançadas pelas parcerias da Fundação Meridional, como BRS Jacana e BRS Atobá, desenvolvidas pela Embrapa, e IPR Potyporã, que é um grande destaque do IDR-Paraná. Todas com potencial acima de 5 mil kg/ha (TOP 5000) e de excelente qualidade para panificação.

Cultura do trigo é aliada do sistema de produção

Nos últimos dois anos foi possível perceber que os produtores rurais estão optando cada vez mais para o plantio de trigo, que traz benefícios agronômicos e financeiros. Para o pesquisador da Embrapa, José Salvador Foloni, esta prática representa uma oportunidade aos agricultores de aumentar seus rendimentos e diluir os custos fixos da propriedade. 

"Além da rentabilidade, trigo e triticale são opções muito viáveis para a adoção de uma rotação de culturas, pois contribuem positivamente em diversos fatores do sistema produtivo", afirma Salvador Foloni.

De acordo com ele, com ampla adaptação nas diversas regiões tritícolas do País, o trigo é um grande aliado de diversos sistemas de produção. "É uma excelente cultura para manejo de plantas daninhas, principalmente àquelas resistentes a herbicidas. É uma cultura para manejo de solo do ponto de vista de ciclagem de nutrientes e também do ponto de vista de qualidade de cobertura do solo para redução da erosão", explica Salvador. 

O cereal tem atuação muito forte no manejo de doenças radiculares e foliares, bem como em nematoides e no mofo branco, doença difícil de ser controlada, causando prejuízos principalmente em oleaginosas (ex: feijão, soja e girassol). 

"Toda vez que o produtor usa o trigo antecedendo a soja ou feijão, a qualidade do manejo do mofo branco é muito melhor", afirma o pesquisador, reafirmando que, além do lucro direto na comercialização do grão, o produtor têm ganhos agronômicos que vão reduzir os custos, indiretamente, nas culturas subsequentes. 

"Recomendamos fazer rotação com o trigo em pelo menos 30% da área. O produtor vai ter incremento de produtividade da soja subsequente, vai ter redução de custo com uso de herbicidas, vai ter melhor sanidade de raiz e terá qualidade de palhada para reduzir erosão. Além disso, ainda pode ter menos custos com adubação na safra seguinte, ou seja, tudo isso traz uma série de benefícios indiretos, que muitas vezes o agricultor não põe na ponta do lápis", afirma Salvador Foloni.  

Nesse contexto, o pesquisador da Embrapa diz que é preciso pensar no sistema de produção a longo prazo, reduzindo custos e melhorando a sustentabilidade agronômica, que está diretamente ligada à redução de impacto ambiental, do uso de insumos desnecessários, evitando desperdícios. "Historicamente o trigo sempre mostrou isso para nós. É uma cultura aliada do produtor".

Produtor aposta no trigo para combater plantas daninhas

O agricultor Paulo Zippo, que é também Engenheiro Agrônomo, durante muito tempo apostou na dobradinha milho e soja em sua propriedade, na região de Floraí, próximo à Maringá-PR. Este ano, ele resolveu plantar as cultivares de trigo da Embrapa (BRS Jacana) e do IDR-Paraná (IPR Potyporã), entre outras. 

O plantio foi feito em uma área de 10 hectares como "teste", porque a partir do ano que vem ele pretende inserir uma terceira safra em sua propriedade. Zippo disse que é possível plantar milho, trigo e soja durante o mesmo ano, porém precisará estar muito atento ao ciclo, ao período de semeadura e à época de colheita, escolhendo as cultivares que melhor se adaptem a esse sistema. "É possível, mas temos que seguir o tempo certo de plantar e colher".

A vantagem do trigo, segundo ele, é que a cultura é excelente para auxiliar no manejo e no controle de plantas daninhas. "Temos quatro ou cinco éspecies muito resistentes a herbicidas (ex: capim-amargoso, caruru, buva e trapoeraba). Com o trigo a gente espera ter uma boa redução na infestação destas ervas daninhas", enfatizou.

Ele também acredita que a questão do preço mais elevado do trigo é momentânea por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia, o que contribuiu para que o produto fosse valorizado no Brasil. Por essa razão, a produtividade e a rentabilidade são outros importantes pontos que estimulam o produtor a investir no cereal.

 

Fonte: Informativo Meridional

Leia na íntegra: http://www.fundacaomeridional.com.br/lista-informativos/80/80.pdf

 

 

 

 

 

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