02
mai
2024
AGROTEMPO: análise agroclimática completa para maio

O mês de maio de 2024 será marcado pela sequência de temperaturas muito acima da média para o período, condição alinhada com os registros dos últimos meses. Além disso, as chuvas devem ficar abaixo da média na maior parte do Brasil, de acordo com as projeções mais recentes.


Outro ponto de destaque que deve marcar o mês, em relação ao clima, é o fim do período do El Niño e as entradas da Neutralidade climática, que deve se estender ao longo dos próximos meses.


Confira a análise completa da previsão para o mês e os impactos na agricultura do Brasil. 

Chuvas registradas em Abril 2024

Nas primeiras semanas de abril, as chuvas foram suficientes para o desenvolvimento do milho segunda safra na maioria das regiões produtoras. Os maiores volumes ocorreram em áreas do Pará e do Maranhão, com prejuízos nas operações de colheita e de logística da soja.

No Rio Grande do Sul, o excedente hídrico causou danos pontuais às lavouras, mas, no geral, favoreceu a manutenção do armazenamento hídrico no solo.

Mesmo assim, analisando o comportamento das chuvas, boa parte do país teve registros acima da média histórica, de acordo com com os dados do hidroestimador, embora esses bolsões de chuvas acima da média ocorreram de forma irregular e mal distribuídas, com destaque para os estados do rio Grande do Sul, meio norte de Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia.

Nota-se também que as áreas onde receberam menores volumes de chuva no mês de Abril, foram áreas que tiveram poucos dias com o registro de precipitações, como o norte do Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, metade oeste da Bahia e sul do Piauí.
 

Panorama Condições Oceânicas e El Niño

Os mais recentes dados de monitoramento oceânico, indica que as temperaturas na região do El Niño já atingiram patamares de Neutralidade, ou sejam valores que seriam considerados dentro do limiar entre -0.8 e +0.8°C , segundo os critérios do Bureau de Meteorologia da Austrália.

Já as projç?os do Instituto Internacional para o Clima e Sociedade da universidade de Columbia nos EUA (IRI/Columbia), indica que o semestre entre Abril e Junho a classe mais provável para as condições oceânica é de Neutralidade (64%)


Probabilidades para El Niño (vermelho), Neutralidade (cinza) e La Niña (azul), para os trimestres corridos. Fonte: IRI/Columbia.

Na sequência dos próximos trimestres corridos, a probabilidade para La Niña aumnta. Contudo, em relação às projeções anteriores, essa probabilidade vem perdendo força, o que pode indicar um “atraso” no estabelecimento da Lã Niña, ou uma La Nina de menor intensidade do que o previsto anteriormente.

Previsão de para as temperaturas abril 2024

As projeções para o m?s de maio indicam um cenário alinhado com os meses anteriores, as temperaturas devem ser significativamente mais quentes do que a média histórica em áreas do Brasil central, como noroeste Paulista, Triângulo e Oeste Mineiro, nordeste de Mato Grosso do Sul, metade sudeste de Mato Grosso, todo o estado de Goiás e áreas do sul de Tocantins. Nestes setores as temperaturas devem ficar até 3°C acima da média para o período.

Já nas demais regiões do Brasil, a expectativa também indica temperaturas acima da média, mas não tão intensas quanto nesta parcela mais central do país, que devem variar entre +1 e +2°C acima da média histórica.


Apenas áreas do sul do Rio Grande do Sul, e áreas do nordeste do Nordeste, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, devem ter marcas mais próximas daquilo que seria esperado para o período. 

Previsão de para as chuvas abril 2024

No que diz respeito à previsão de chuvas para o mês de maio, o cenário apresenta condições de chuvas acima da média para áreas do Rio Grande do Sul, chuvas que devem ocorrer  praticamente durante a primeira quinzena do mês, assim como algumas áreas do leste de Santa Catarina.

Outro setor com possibilidade de chuvas acima da média histórica, é a faixa litorânea entre o Pará até o Rio Grande do Norte.

Nas demais regiões do país a expectativa é de chuvas abaixo da média, embora áreas do Nordeste possam ter registros alinhados com a expectativa para o mês.

Um grande destaque de áreas com previsão de menos chuvas do que o esperado é o norte do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. 

Sul

A projeção de chuvas acima da média na região, especialmente no Rio Grande do Sul e leste de Santa Catarina, pode ser benéfica para o trigo, que deve ser plantado nas próximas semanas, fornecendo a umidade necessária para o crescimento adequado das plantas. No entanto, a colheita avançada da primeira safra de milho e o desenvolvimento e plantio da segunda safra podem enfrentar desafios com as chuvas acima da média, como o aumento do risco de doenças fúngicas e dificuldades logísticas para a colheita e o plantio. Além disso, o cenário de temperaturas ligeiramente acima da média para a região também pode acelerar o desenvolvimento das culturas, influenciando a fase de crescimento das lavouras de trigo e milho, destacando a necessidade de monitoramento constante para ajustes nas práticas de campo.

Sudeste

Para o algodão, a previsão de temperaturas acima da média em Minas Gerais e São Paulo favorece o desenvolvimento das culturas, uma vez que elas se encontram em estágios de formação de maçãs nas áreas de sequeiro e irrigadas. No entanto, a expectativa de chuvas abaixo da média em São Paulo pode impactar negativamente as áreas de milho, que se preparam para o plantio da terceira safra. Dessa forma, a combinação de temperaturas acima da média e a variabilidade nas chuvas terá efeitos diferenciados sobre as lavouras do Sul e Sudeste, exigindo uma gestão cuidadosa para mitigar potenciais impactos.

Centro-Oeste

A cultura do algodão, que está em fases de desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, pode enfrentar condições de estresse térmico, principalmente em Mato Grosso, onde algumas lavouras já estão avançando para a fase de maturação. O milho de segunda safra, ainda em processo de plantio e desenvolvimento, também pode ser afetado pelo calor intenso, potencialmente reduzindo a produtividade que já está ligeiramente abaixo do esperado devido a variações climáticas anteriores. A segunda safra de feijão, com lavouras em estágios variados de desenvolvimento, e as plantações de arroz, que estão em fase de crescimento e formação de grãos, também podem sofrer estresse hídrico devido ao déficit de chuvas previsto para o mês, particularmente em Goiás e Mato Grosso. Por outro lado, a colheita da soja nas principais regiões produtoras do Centro-Oeste está avançando para sua conclusão, devem se beneficiar das condições de tempo mais seco.

Nordeste

Para a região Nordeste do Brasil, as projeções climáticas para maio de 2024 indicam um cenário variado que afetará diretamente as lavouras locais. Apesar de algumas áreas do Nordeste enfrentarem chuvas menores, o litoral da região apresenta expectativa de precipitação acima da média, especialmente na faixa que se estende do Pará até o Rio Grande do Norte, contribuindo para a manutenção da umidade do solo. Isso é particularmente relevante para culturas como o arrozfeijão e algodão, que estão em diferentes estádios de desenvolvimento, como o crescimento vegetativo, floração e formação de maçãs, no caso do algodão na Bahia. Essa variabilidade climática destaca a necessidade de um monitoramento contínuo das condições meteorológicas, uma vez que a distribuição irregular das chuvas pode impactar o rendimento das lavouras, especialmente nas áreas mais ao interior, onde a umidade é crítica para o bom desenvolvimento das culturas agrícolas.

Norte

A previsão de temperaturas mais altas do que a média histórica em grande parte do Brasil, incluindo a região Norte, pode impactar diretamente as lavouras da área. Especificamente nas culturas de milho, que estão avançando em seu ciclo de produção, o aumento das temperaturas pode acelerar o metabolismo das plantas, reduzindo o período de enchimento dos grãos e potencialmente diminuindo a produtividade. Embora a previsão indique chuvas abaixo da média para a região, o que poderia agravar condições de estresse hídrico para as culturas, as práticas de manejo adaptativo e a utilização de variedades de culturas mais resistentes ao calor e à seca podem ser estratégias vitais para mitigar os efeitos dessas condições climáticas adversas.

Fonte: Agrolink.

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