17
dez
2012
Agroindústria rural e agregação de valor
Todos sabem que do produtor ao consumidor, a cadeia agroalimentar conta com uma longa lista de intermediários, cada qual ficando com uma parcela dos valores do produto final. A parcela menor pode ser a do produtor da matéria-prima: o agricultor. Ele é o primeiro e o mais importante elo dessa cadeia, mas pode ser o menos favorecido nessa relação injusta de intercâmbio porque participa da etapa menos valorizada do agronegócio. Em parte, isto se deve ao conformismo do próprio agricultor, que tudo aceita com resignação: "Seja lá o que Deus quiser, vai-se fazer o que?!".
Como participa da etapa pobre do agronegócio, o pequeno agricultor precisa reagir, mas não pedindo mais esmolas ao governo. A solução está no mercado: agregar valor à produção é fundamental para a sobrevivência econômica dos pequenos estabelecimentos agrícolas. Eles não podem continuar aceitando passivamente a erosão dos seus lucros, permitindo que os demais elos da cadeia determinem o valor que ele receberá pela matéria-prima que entrega aos elos subsequentes da cadeia.
Mesmo produzindo grãos, esses empreendimentos rurais podem ser rentáveis, desde que os grãos produzidos façam parte de um sistema produtivo, onde o produto final entregue ao mercado não seja o grão, mas a carne, os ovos, o queijo entre outros produtos feitos a partir dessa matéria-prima.
O que tem acontecido no Brasil, desde o surgimento da agricultura empresarial, é o empobrecimento e a desestruturação das famílias de muitos pequenos agricultores. Primeiro eles perderam os filhos, os quais emigraram para a cidade em busca de vida melhor; depois perderam sua terra, passada a terceiros por incapacidade de nela sobreviver dignamente e, finalmente, perderam a dignidade na periferia de alguma cidade porque o dinheiro da venda da propriedade logo acabou e eles não souberam como ganhar dinheiro em outra coisa que não seja no amanho da terra.
Proximamente teremos novos gestores nos milhares de municípios, Brasil afora. Que tal ajudá-los a pensar na possibilidade de viabilizar os pequenos proprietários rurais, através do estabelecimento de agroindústrias rurais em cada distrito, onde as pequenas produções seriam processadas, agregando-lhes valor? De preferência agroindústrias especializadas na produção e processamento de produtos diferentes em cada comunidade, para evitar a concorrência entre eles.
Mais do que apoiar esses produtores na agregação de valor via agroindustrialização e capacitação para a mudança de atividade - quando for o caso - seria o caso de ajudá-los na comercialização dos produtos industrializados, disponibilizando um espaço na cidade, onde poderiam oferecer sua produção ao cidadão urbano.
Este apoio poderia viabilizar a permanência desses agricultores no campo, evitando problemas para a cidade, onde eles se tornam cidadãos marginalizados, porque não têm a qualificação necessária para os postos de serviço disponibilizados na cidade. Com a palavra os novos prefeitos, cientes de que o pobre que troca o campo pela cidade não o faz porque quer, mas porque as circunstâncias o obrigam.
Amélio Dall’Agnoll
é engenheiro agrônomo
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Como participa da etapa pobre do agronegócio, o pequeno agricultor precisa reagir, mas não pedindo mais esmolas ao governo. A solução está no mercado: agregar valor à produção é fundamental para a sobrevivência econômica dos pequenos estabelecimentos agrícolas. Eles não podem continuar aceitando passivamente a erosão dos seus lucros, permitindo que os demais elos da cadeia determinem o valor que ele receberá pela matéria-prima que entrega aos elos subsequentes da cadeia.
Mesmo produzindo grãos, esses empreendimentos rurais podem ser rentáveis, desde que os grãos produzidos façam parte de um sistema produtivo, onde o produto final entregue ao mercado não seja o grão, mas a carne, os ovos, o queijo entre outros produtos feitos a partir dessa matéria-prima.
O que tem acontecido no Brasil, desde o surgimento da agricultura empresarial, é o empobrecimento e a desestruturação das famílias de muitos pequenos agricultores. Primeiro eles perderam os filhos, os quais emigraram para a cidade em busca de vida melhor; depois perderam sua terra, passada a terceiros por incapacidade de nela sobreviver dignamente e, finalmente, perderam a dignidade na periferia de alguma cidade porque o dinheiro da venda da propriedade logo acabou e eles não souberam como ganhar dinheiro em outra coisa que não seja no amanho da terra.
Proximamente teremos novos gestores nos milhares de municípios, Brasil afora. Que tal ajudá-los a pensar na possibilidade de viabilizar os pequenos proprietários rurais, através do estabelecimento de agroindústrias rurais em cada distrito, onde as pequenas produções seriam processadas, agregando-lhes valor? De preferência agroindústrias especializadas na produção e processamento de produtos diferentes em cada comunidade, para evitar a concorrência entre eles.
Mais do que apoiar esses produtores na agregação de valor via agroindustrialização e capacitação para a mudança de atividade - quando for o caso - seria o caso de ajudá-los na comercialização dos produtos industrializados, disponibilizando um espaço na cidade, onde poderiam oferecer sua produção ao cidadão urbano.
Este apoio poderia viabilizar a permanência desses agricultores no campo, evitando problemas para a cidade, onde eles se tornam cidadãos marginalizados, porque não têm a qualificação necessária para os postos de serviço disponibilizados na cidade. Com a palavra os novos prefeitos, cientes de que o pobre que troca o campo pela cidade não o faz porque quer, mas porque as circunstâncias o obrigam.
Amélio Dall’Agnoll
é engenheiro agrônomo