14
jan
2021
"Não conhece nossa soja", rebate agro a Macron

A declaração do presidente da França, Emmanuel Macron, de que "depender da soja brasileira é endossar desmatamento na Amazônia" e ainda incentivou o cultivo local em seu Twitter:"somos coerentes com as nossas ambições ecológicas, estamos lutando para produzir soja na Europa!", levou uma chuva de críticas do agronegócio brasileiro.

O vice-presidente do Brasil e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Hamilton Mourão, disse que o presidente francês desconhece a produção brasileira de soja. "Monsieur Macron? Monsieur Macron n'est pas bien (Senhor Macron? Senhor Macron não está bem). Monsieur Macron desconhece a produção de soja no Brasil. Nossa produção de soja é feita no cerrado ou no sul do País. A produção agrícola na Amazônia é ínfima", disse. Mourão ainda completou que o Brasil tem menos de 8% da sua área dedicada à agricultura, enquanto a França, mais de 60%, portanto sem condições de competir com os produtores brasileiros. Acrescentou ainda que Macron apenas "externou interesses protecionistas dos agricultores franceses".

O Ministério da Agricultura também emitiu uma nota sobre o caso onde destaca que o Brasil tem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e utiliza tecnologias reconhecidas que ampliaram a sustentabilidade de sua produção agropecuária. “A declaração do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a soja brasileira mostra completo desconhecimento sobre o processo de cultivo do produto importado pelos franceses e leva desinformação a seus compatriotas”, diz outro trecho. O Mapa também explicou que o país se tornou um dos maiores exportadores da oleaginosa no mundo usando tecnologia seja em áreas já utilizadas, seja recuperando pastagens degradadas, não necessitando de novas áreas. “Toda a produção nacional tem controle de origem. A soja brasileira, portanto, não exporta desmatamento”.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) lamentou a declaração. A entidade acredita que o ataque busca justificar os subsídios para os franceses. Também citou que a produção na Amazônia ocorre de forma sustentável graças à Moratória da Soja, iniciativa internacionalmente reconhecida, que monitora, identifica e bloqueia a aquisição de soja produzida em área desmatada no bioma, garantindo risco zero do envio de soja de área desmatada (legal ou ilegal) deste bioma para mercados internacionais.

Outra a se manifestar foi a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). Em nota assinada por seu presidente, o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), a FPA diz que não aceita esse tipo de acusação. “A Frente Parlamentar da Agropecuária acompanhou com profundo constrangimento as declarações de ontem (12) do presidente francês, Emmanuel Macron, em que associa a agricultura brasileira aos crimes de desmatamento ilegal, sem nenhum dado oficial que comprove tal ilação, a não ser nosso recorde de exportação que alcançou mais de US$ 100 bilhões em 2020”, diz um trecho. Para Moreira a França demonstra “desespero” em relação ao bom desempenho brasileiro e destacou que apenas 10% da soja nacional é produzida no Bioma Amazônia. “Não aceitaremos acusações deste tipo. omos sustentáveis, cumprimos regras sanitárias e ambientais mais rígidas do que os países competidores e estamos alcançando um padrão de qualidade nunca visto antes, sem aumentar nossa área de plantio. Para a França alcançar o patamar brasileiro, teria que conquistar novos territórios ou colônias, o que a modernidade e a civilidade não permitem mais”, finalizou.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Bartolomeu Braz, acredita que Macron usa o que chamou de “artimanha” pelo fato de não serem competitivos, comprarem soja do Brasil e para poder subsidiar ainda mais os seus produtores. Para ele se a França parar de comprar a soja brasileira, as vendas do país "não mudam em nada". Nesta safra o país deve exportar mais de 100 milhões de toneladas. "Não há ligação da soja com o desmatamento do bioma amazônico desde 2008, isso é fiscalizado e acompanhado".

Fonte: Agrolink

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