Nos últimos dias, o fenômeno conhecido como "chuva preta" vem preocupando diversas regiões do país. O evento ocorre quando nuvens de chuva encontram a fuligem das queimadas. O problema já foi registrado em cidades do estado de Santa Catarina, como Canoinhas e Três Barras, onde a água das chuvas deixou piscinas com coloração escura. Agora, existe a possibilidade de o fenômeno atingir outras áreas, como São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, onde a previsão de chuvas pode trazer essa precipitação contaminada.
As queimadas em todo o país têm elevado a quantidade de poluentes na atmosfera. O mês de agosto de 2024 foi o pior em dez anos em termos de incêndios florestais, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com a chegada das chuvas, o contato entre a fuligem e a precipitação pode gerar essa "chuva preta", que carrega sérios riscos.
Diego Freitas, analista químico e membro da Ouvidoria-Geral do Conselho Federal de Química (CFQ), explica o fenômeno e suas implicações. "A exemplo do que ocorre na chuva ácida, esse fenômeno, que tem sido chamado de 'chuva preta', resulta da influência de uma elevada quantidade de poluentes presentes na atmosfera, decorrente das queimadas observadas nas últimas semanas. Quando esse material particulado se mistura com a água da chuva, a precipitação pode adquirir coloração escura e gerar contaminações ambientais e à saúde, como irritações e intoxicações”, detalha.
O especialista também alerta para os riscos à saúde. “Quando essa água contaminada entra em contato com pessoas ou animais, pode provocar problemas como irritações na pele, nos olhos e no sistema respiratório, além de intoxicações graves, caso seja ingerida. Por isso, é altamente recomendado que a população evite ao máximo o uso dessa água, tanto para banhos quanto para atividades domésticas, como a limpeza. A ingestão, seja para beber ou cozinhar, deve ser completamente evitada, dando preferência à água tratada”, finaliza.
Apesar da expectativa de que a chuva traga alívio temporário para a fumaça no ar, especialistas alertam que o fenômeno é momentâneo. A fuligem deve continuar afetando o clima nas próximas semanas, enquanto as queimadas persistem em diversas regiões do Brasil.
Fonte: Revista Cultivar
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