O início do vazio sanitário da soja está começando. A medida é preventiva e tenta conter o avanço da ferrugem asiática, doença que devasta lavouras quando não é controlada.
O Paraguai, país que faz divisa com Paraná e Mato Grosso, está adotando a prática a partir de uma resolução de fevereiro deste ano. A iniciativa pode ajudar a reduzir a incidência da doença em toda a América Latina. No Paraná, o período começa no dia 15 de junho e se estende por 90 dias.
No meio do trigo em desenvolvimento a soja se transforma em planta daninha. Concorre com a lavoura principal por nutrientes e precisa ser combatida, assim como outras invasoras. Mas, nesse período, a soja representa um perigo ainda maior, pode ser hospedeira da ferrugem asiática.
O fungo que causa a doença se instala nessas plantas e vai prejudicar a lavoura no verão. O Brasil paga, em média, US$ 2 bilhões a cada safra para controlar a ferrugem. Nesta, foram 707 focos registrados pelo Consórcio Antiferrugem, bem menos do que os mais de dois mil da safra anterior. Mesmo assim, o agricultor precisa ficar em alerta.
– Nós sabemos que a ferrugem está disseminada por todas as regiões. A principal função do vazio sanitário é atrasar o início da ocorrência da doença e, quando ela começar a ocorrer, que ela venha mais lentamente. Mas, que ela vai ocorrer, ela vai, independente se o clima for favorável ou não, ela aparece – disse Rafael Soares, pesquisador da Embrapa Soja.
O controle da ferrugem é difícil porque o esporo do fungo é quase microscópico e se espalha com o vento por longas distâncias. Já o grão de soja que fica nas rodovias durante o transporte agrava não só o desperdício. Favorece também o nascimento da soja voluntária ou guaxa, nos campos que ficam bem próximos ao corredor rodoviário do Brasil. O fim do plantio de soja na entressafra em Estados como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul enfraqueceu o ataque da doença. Agora, é a vez do Paraguai aderir ao combate da ferrugem.
O Paraguai, após resolução de fevereiro, anunciou que também vai adotar o vazio sanitário ainda este ano. A resistência do país vizinho em implantar a medida preventiva contra a ferrugem se explica especialmente porque os agricultores paraguaios têm uma safra de inverno do grão, o que melhora a renda. O fim do plantio na entressafra paraguaia pode beneficiar o controle da doença aqui no Brasil.
O período sem plantio de soja no Paraguai é chamado de pausa fitossanitária e está previsto para vigorar de 1º de junho a 30 de agosto.
– Nós já reivindicávamos isso junto a pesquisadores do Paraguai e institutos de pesquisa, que eles atuassem junto às autoridades para que fosse feito o vazio sanitário no Paraguai, porque a doença não vê fronteiras, não vê divisas. O Paraguai, como um produtor de soja, estava fazendo normalmente duas safras na entressafra, e teve problemas com ferrugem, o que tem mantido o fungo vivo o ano inteiro. A gente espera que esse vazio sanitário adotado no Paraguai também seja benéfico para o Brasil – afirmou Rafael Soares.
Fonte: Canal Rural
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