25
out
2011
Liderança sem segredos
Orientação técnica eleva rendimento de regiões que têm condições de tempo e solo privilegiadas para produção de milho e soja
José Rocher e Carlos Guimarães
Campeão nacional em produtividade de milho e soja, o Paraná possui redutos com médias elevadas que parecem metas distantes inclusive para as demais regiões agrícolas do estado. As marcas do milho atingidas em Guarapuava e as da soja alcançadas em Campo Mourão, no entanto, não se devem apenas às condições climáticas e ao solo. A Expedição Safra Gazeta do Povo conferiu que sementes adaptadas, assistência técnica e manejo rigoroso são responsáveis pelos recordes de rendimento.
Os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deram a liderança ao Paraná no ciclo 2010/11. O estado alcançou média de 7,87 mil quilos de milho por hectare (volume 70% maior do que a média nacional) e de 3,36 mil quilos de soja (7,8% superior à marca do país) no verão do ano passado. A Expedição projetou marcas de 7,35 mil kg/ha e 3,12 mil kg/ha, respectivamente, atestando o rendimento elevado das lavouras paranaenses.
Os produtores de milho associados à cooperativa Agrária, de Entre Rios (Guarapuava, Centro do estado), têm produtividade maior que a obtida nos Estados Unidos. A vantagem é de 11,2 mil quilos para 9,5 mil quilos por hectare. E não se trata de picos de produção, mas de médias, atingidas em anos de clima normal. “Estamos na região que mais colhe milho do Brasil”, resume o agrônomo Leandro Bren, coordenador da assistência técnica na Agrária. Nesta temporada, os 384 cooperados dedicam 36 mil hectares ao cereal – 20% a mais do que no verão passado.
Sementes adaptadas que chegaram à região há dez anos fizeram a diferença, conta Bren. Ele enfatiza, no entanto, que o fato, por si só, não elevaria a produtividade dos campos. “Nossas pesquisas são permanentes e os produtores seguem à risca às orientações técnicas, que permitem aproveitar as tecnologias disponíveis ao máximo.” O lucro líquido chega a R$ 3 mil por hectare do cereal.
Pequeno, médio ou grande produtor pode atingir produtividade de 4 mil quilos de soja por hectare, afirma o supervisor da gerência técnica da cooperativa Coamo (Campo Mourão, Centro-Oeste do estado), Luiz Carlos de Castro. Os agrônomos da empresa tomam os melhores casos como exemplos e tentam aplicar as tecnologias que estão dando certo em todas as propriedades. A média de 3,22 mil quilos de soja alcançada na safra passada tende a ser superada a partir dessa estratégia.
Entre os cinco produtores líderes, segundo o ranking interno da Coamo, a produtividade é de 5,3 mil quilos de soja por hectare. Entre os 20, a marca é de 4,99 mil quilos. Entre os 50, se mantém em 4,8 mil quilos. “Essas produtividades não são mais exceção. Podem ser atingidas com orientação especializada”, afirma o gerente técnico da cooperativa, Nei Cesconetto.
Em todas as cooperativas visitadas pela Expedição Safra, as marcas alcançadas tanto no milho como na soja estão acima da média estadual. Os agrônomos orientam os produtores da escolha à aplicação dos insumos, em esquema de plantão, visitas às propriedades e em dias de campo.
Clima e genética são determinantes
Alguns fatores contribuem diretamente para que a região de Guarapuava obtenha a maior produtividade de milho do país. De acordo com o coordenador de assistência técnica e de pesquisa da cooperativa Agrária, Leandro Bren, o clima do local é bastante favorável para o crescimento do cereal. Mesmo no verão, a temperatura cai a menos de 20 graus à noite.
“A região é propícia para a cultura. Os dias são quentes e as noites, como as lavouras estão 1.100 metros acima do nível do mar, são frias, o que diminui a evapotranspiração do milho”, explica.
Outro fator determinante para o alto rendimento por hectare são as sementes adaptadas. As variedades usadas na região são plantadas em praticamente todo o estado. Porém, sua genética rende mais sob o clima de Guarapuava. Isso significa que outras regiões podem atingir as mesmas marcas com outras variedades. A seleção dessa sementes, porém, depende de novas pesquisas.
Um fator que não faz parte do receituário agronômico também é citado por Bren: a fidelidade dos cooperados da Agrária. Ele conta que os produtores demonstram confiança irrestrita às orientações técnicas. A empresa foi fundada em 1951 por imigrantes de cultura germânica e, até hoje, tem poucos cooperados de outras origens.
As melhores produtividades de soja são alcançadas mais ao Norte justamente pelo clima. As variedades disponíveis rendem mais em regiões com boa luminosidade e gostam de calor. Por outro lado, a assistência técnica torna-se um desafio pela diversidade de perfis das unidades produtivas, relata o agrônomo da Coamo Roberto Bueno.
Ele conta que cada profissional trabalha com um grupo de produtores de uma mesma região ou com sistemas de produção similares. Dessa forma, consegue monitorar extensões que variam de 6 mil a 10 mil hectares. “A orientação é que o diferencia uma área de alta produtividade das que ficam abaixo da média. Diante das mais variadas tecnologias disponíveis, o agrônomo é um assessor do agricultor”, observa.
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José Rocher e Carlos Guimarães
Campeão nacional em produtividade de milho e soja, o Paraná possui redutos com médias elevadas que parecem metas distantes inclusive para as demais regiões agrícolas do estado. As marcas do milho atingidas em Guarapuava e as da soja alcançadas em Campo Mourão, no entanto, não se devem apenas às condições climáticas e ao solo. A Expedição Safra Gazeta do Povo conferiu que sementes adaptadas, assistência técnica e manejo rigoroso são responsáveis pelos recordes de rendimento.
Os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deram a liderança ao Paraná no ciclo 2010/11. O estado alcançou média de 7,87 mil quilos de milho por hectare (volume 70% maior do que a média nacional) e de 3,36 mil quilos de soja (7,8% superior à marca do país) no verão do ano passado. A Expedição projetou marcas de 7,35 mil kg/ha e 3,12 mil kg/ha, respectivamente, atestando o rendimento elevado das lavouras paranaenses.
Os produtores de milho associados à cooperativa Agrária, de Entre Rios (Guarapuava, Centro do estado), têm produtividade maior que a obtida nos Estados Unidos. A vantagem é de 11,2 mil quilos para 9,5 mil quilos por hectare. E não se trata de picos de produção, mas de médias, atingidas em anos de clima normal. “Estamos na região que mais colhe milho do Brasil”, resume o agrônomo Leandro Bren, coordenador da assistência técnica na Agrária. Nesta temporada, os 384 cooperados dedicam 36 mil hectares ao cereal – 20% a mais do que no verão passado.
Sementes adaptadas que chegaram à região há dez anos fizeram a diferença, conta Bren. Ele enfatiza, no entanto, que o fato, por si só, não elevaria a produtividade dos campos. “Nossas pesquisas são permanentes e os produtores seguem à risca às orientações técnicas, que permitem aproveitar as tecnologias disponíveis ao máximo.” O lucro líquido chega a R$ 3 mil por hectare do cereal.
Pequeno, médio ou grande produtor pode atingir produtividade de 4 mil quilos de soja por hectare, afirma o supervisor da gerência técnica da cooperativa Coamo (Campo Mourão, Centro-Oeste do estado), Luiz Carlos de Castro. Os agrônomos da empresa tomam os melhores casos como exemplos e tentam aplicar as tecnologias que estão dando certo em todas as propriedades. A média de 3,22 mil quilos de soja alcançada na safra passada tende a ser superada a partir dessa estratégia.
Entre os cinco produtores líderes, segundo o ranking interno da Coamo, a produtividade é de 5,3 mil quilos de soja por hectare. Entre os 20, a marca é de 4,99 mil quilos. Entre os 50, se mantém em 4,8 mil quilos. “Essas produtividades não são mais exceção. Podem ser atingidas com orientação especializada”, afirma o gerente técnico da cooperativa, Nei Cesconetto.
Em todas as cooperativas visitadas pela Expedição Safra, as marcas alcançadas tanto no milho como na soja estão acima da média estadual. Os agrônomos orientam os produtores da escolha à aplicação dos insumos, em esquema de plantão, visitas às propriedades e em dias de campo.
Clima e genética são determinantes
Alguns fatores contribuem diretamente para que a região de Guarapuava obtenha a maior produtividade de milho do país. De acordo com o coordenador de assistência técnica e de pesquisa da cooperativa Agrária, Leandro Bren, o clima do local é bastante favorável para o crescimento do cereal. Mesmo no verão, a temperatura cai a menos de 20 graus à noite.
“A região é propícia para a cultura. Os dias são quentes e as noites, como as lavouras estão 1.100 metros acima do nível do mar, são frias, o que diminui a evapotranspiração do milho”, explica.
Outro fator determinante para o alto rendimento por hectare são as sementes adaptadas. As variedades usadas na região são plantadas em praticamente todo o estado. Porém, sua genética rende mais sob o clima de Guarapuava. Isso significa que outras regiões podem atingir as mesmas marcas com outras variedades. A seleção dessa sementes, porém, depende de novas pesquisas.
Um fator que não faz parte do receituário agronômico também é citado por Bren: a fidelidade dos cooperados da Agrária. Ele conta que os produtores demonstram confiança irrestrita às orientações técnicas. A empresa foi fundada em 1951 por imigrantes de cultura germânica e, até hoje, tem poucos cooperados de outras origens.
As melhores produtividades de soja são alcançadas mais ao Norte justamente pelo clima. As variedades disponíveis rendem mais em regiões com boa luminosidade e gostam de calor. Por outro lado, a assistência técnica torna-se um desafio pela diversidade de perfis das unidades produtivas, relata o agrônomo da Coamo Roberto Bueno.
Ele conta que cada profissional trabalha com um grupo de produtores de uma mesma região ou com sistemas de produção similares. Dessa forma, consegue monitorar extensões que variam de 6 mil a 10 mil hectares. “A orientação é que o diferencia uma área de alta produtividade das que ficam abaixo da média. Diante das mais variadas tecnologias disponíveis, o agrônomo é um assessor do agricultor”, observa.