04
out
2011
Clima, dólar e milho ajudam a reduzir a safra de trigo no País
Daniel Popov
Somente o Estado do Rio Grande do Sul prevê ampliação de área e produção. No Paraná, principal produtor do cereal, a queda pode chegar a 28%. - São Paulo
A produção de trigo no País deve encolher ainda mais na safra 2011/2012, devido a problemas climáticos, dólar desvalorizado e concorrência com o milho. O Rio Grande do Sul é o único estado a falar em crescimento de produção do cereal. O Paraná, maior produtor da cultura fechará com recuo superior a 28% em quantidade, e Santa Catarina deve registrar queda de 12% na produção.
Segundo o gerente de Levantamento e Avaliação de Safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Bestetti, o Brasil deve colher 5,1 milhões de toneladas de trigo neste ano, queda de 14%, ante os 5,9 do ano passado. Para ele, cada estado possui uma razão específica para justificar essa redução. "A queda do dólar ajudou a entrada de produtos estrangeiros no País. Fato que derrubou os preços. O milho pagou melhor este ano, portanto virou a opção de muitos agricultores. E por fim o clima, que dispensa comentários", contou.
Considerado o terceiro maior produtor de trigo do País, o Estado de Santa Catarina sofreu bastante com os baixos preços de venda do produto neste ano, fato que gerou redução de área e produção. Segundo a economista Márcia Varaschin, da Secretaria Estadual da Agricultura (Epagri/Cepa), o estado plantou 70 mil hectares na safra 2011/2012, que começará a ser colhida neste mês. "Aqui estamos na fase de floração, que corresponde a 30% de nossas lavouras. Nossa produção será de 211 mil toneladas, queda de 12% se comparado ao ano passado. Isso porque os preços não ajudaram muito, e o produtor não quer mais plantar trigo."
No Paraná a situação é mais critica e a produção deve registrar apenas 2,3 milhões de toneladas, contra os 3,4 milhões vistos em 2010. A razão para o recuo é a diminuição de área, que passará dos 1,75 milhão de hectares vistos no ano passado, para 1 milhão este ano. "Muitos produtores optaram por plantar o milho safrinha, devido os altos valores. O trigo não é a melhor opção. Além disso, ainda tivemos a perda de produção por conta das geadas e chuvas que afetaram o estado", disse Pedro Loyola, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
Apesar de um pequeno incremento na produção e na área de trigo, o Rio Grande do Sul foi o único estado a prever aumentos. A justificativa da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul, responsável pelo levantamento de safras, é que os triticultores do estado não possuem outras opções para plantar durante o inverno e acabam mantendo a média de produção ano após ano. "Mais de 40% da nossa safra está na fase de enchimento de grãos e se a primavera colaborar com um tempo menos chuvoso teremos uma produção muito boa. Esperamos colher 2 milhões de toneladas, ante os 1,9 milhão de 2010. A área cresceu aproximadamente 4% esse ano, fechando com 850 mil hectares", garantiu, Tarcisio Minetto, consultor da Fecoagro/RS.
Na fazenda do produtor rural Taciano Reginato, na região de Santa Rosa (RS), o trigo não ganha novos espaços há anos, dado que a cultura tem baixa remuneração e grandes riscos de perda por conta do clima. "Não tenho como aumentar a área, prefiro manter e plantar um pouco de milho que está pagando melhor", lembrou.
Segundo a expectativa da Conab, o Brasil deve demandar na safra 2011/2012 pelo menos 10,5 milhões de toneladas de trigo. E as importações devem ser bastante altas, principalmente da Argentina, que deve ter uma safra de boa qualidade, e da Rússia. "Com isso teremos de manter as importações", afirmou Bestetti.
Por fim, os estados já estão se preparando para a entrada das novas normas de qualidade para o trigo pão. No Paraná, a Faep já realizou 11 seminários o assunto. Em Santa Catarina o movimento é o mesmo, e muitos produtores também esperam comprar as novas variedades durante a venda da safra. No Rio Grande do Sul Minetto acredita que com o começo das comercializações desta safra, as sementes das novas variedades serão compradas pelos produtores do estado.
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Somente o Estado do Rio Grande do Sul prevê ampliação de área e produção. No Paraná, principal produtor do cereal, a queda pode chegar a 28%. - São Paulo
A produção de trigo no País deve encolher ainda mais na safra 2011/2012, devido a problemas climáticos, dólar desvalorizado e concorrência com o milho. O Rio Grande do Sul é o único estado a falar em crescimento de produção do cereal. O Paraná, maior produtor da cultura fechará com recuo superior a 28% em quantidade, e Santa Catarina deve registrar queda de 12% na produção.
Segundo o gerente de Levantamento e Avaliação de Safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Bestetti, o Brasil deve colher 5,1 milhões de toneladas de trigo neste ano, queda de 14%, ante os 5,9 do ano passado. Para ele, cada estado possui uma razão específica para justificar essa redução. "A queda do dólar ajudou a entrada de produtos estrangeiros no País. Fato que derrubou os preços. O milho pagou melhor este ano, portanto virou a opção de muitos agricultores. E por fim o clima, que dispensa comentários", contou.
Considerado o terceiro maior produtor de trigo do País, o Estado de Santa Catarina sofreu bastante com os baixos preços de venda do produto neste ano, fato que gerou redução de área e produção. Segundo a economista Márcia Varaschin, da Secretaria Estadual da Agricultura (Epagri/Cepa), o estado plantou 70 mil hectares na safra 2011/2012, que começará a ser colhida neste mês. "Aqui estamos na fase de floração, que corresponde a 30% de nossas lavouras. Nossa produção será de 211 mil toneladas, queda de 12% se comparado ao ano passado. Isso porque os preços não ajudaram muito, e o produtor não quer mais plantar trigo."
No Paraná a situação é mais critica e a produção deve registrar apenas 2,3 milhões de toneladas, contra os 3,4 milhões vistos em 2010. A razão para o recuo é a diminuição de área, que passará dos 1,75 milhão de hectares vistos no ano passado, para 1 milhão este ano. "Muitos produtores optaram por plantar o milho safrinha, devido os altos valores. O trigo não é a melhor opção. Além disso, ainda tivemos a perda de produção por conta das geadas e chuvas que afetaram o estado", disse Pedro Loyola, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
Apesar de um pequeno incremento na produção e na área de trigo, o Rio Grande do Sul foi o único estado a prever aumentos. A justificativa da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul, responsável pelo levantamento de safras, é que os triticultores do estado não possuem outras opções para plantar durante o inverno e acabam mantendo a média de produção ano após ano. "Mais de 40% da nossa safra está na fase de enchimento de grãos e se a primavera colaborar com um tempo menos chuvoso teremos uma produção muito boa. Esperamos colher 2 milhões de toneladas, ante os 1,9 milhão de 2010. A área cresceu aproximadamente 4% esse ano, fechando com 850 mil hectares", garantiu, Tarcisio Minetto, consultor da Fecoagro/RS.
Na fazenda do produtor rural Taciano Reginato, na região de Santa Rosa (RS), o trigo não ganha novos espaços há anos, dado que a cultura tem baixa remuneração e grandes riscos de perda por conta do clima. "Não tenho como aumentar a área, prefiro manter e plantar um pouco de milho que está pagando melhor", lembrou.
Segundo a expectativa da Conab, o Brasil deve demandar na safra 2011/2012 pelo menos 10,5 milhões de toneladas de trigo. E as importações devem ser bastante altas, principalmente da Argentina, que deve ter uma safra de boa qualidade, e da Rússia. "Com isso teremos de manter as importações", afirmou Bestetti.
Por fim, os estados já estão se preparando para a entrada das novas normas de qualidade para o trigo pão. No Paraná, a Faep já realizou 11 seminários o assunto. Em Santa Catarina o movimento é o mesmo, e muitos produtores também esperam comprar as novas variedades durante a venda da safra. No Rio Grande do Sul Minetto acredita que com o começo das comercializações desta safra, as sementes das novas variedades serão compradas pelos produtores do estado.